quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O País de Um Eixo Só

De Olho no Brasil...
.

A vida num país acontece naturalmente. Uma nação é movida por eixos, engrenagens incansáveis acionadas em cada milímetro do território nacional, por cada cidadão. Mas, no Brasil, parece que não é assim...

Conduzidas pela mídia, essas engrenagens tupiniquins foram se resumindo a um eixo específico: Rio de Janeiro/São Paulo. A definida mídia nacional (que deveria ter igual missão – nacional) se perde com o foco super dimensionado no sudeste, especialmente no citado eixo, causando a impressão de que todo o país ali se resume.

Exemplos? Novelas – com suas tramas acontecendo quase que exclusivamente nessas duas cidades (o Rio paraíso, Sampa ‘A’ metrópole); futebol – só Flamengo e Corínthians em referências mil (e haja citações em toda a programação); música – qualquer ‘coisa’ vira sucesso comercial (e o resto que se exploda); até a violência – foco exacerbado às ações criminosas (ou será que no resto do país a mídia nacional dá atenção aos casos de seqüestro e assassinatos em família?).

A vida acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo, é verdade, assim como na Paraíba, no Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, Maranhão, Sergipe, Acre, Roraima, Rondônia, Mato Grosso...

Esse papo pode parecer mesquinho, mas não é. A idéia é tão somente refletir e questionar: quando o Brasil se tratará por igual? Quando a mídia será realmente imparcial? Quando seremos, enfim, uma nação de verdade?

Todavia, enquanto eu continuar enxergando o Brasil como ‘o país de um eixo só’, permanecerei movendo as engrenagens que me cabem – como escrever o que penso sobre esse assunto, por exemplo... E acreditando num amanhã melhor...

domingo, 26 de outubro de 2008

Peidofilia é Crime!



Hoje eu ia falar sobre outro tema, mas o sucesso do primeiro post (‘Tire o Dedo do Nariz!’), que ainda gera comentários para o titular deste Blog, me fez repensar. Então, decidi lançar uma campanha relâmpago e fedorenta: PEIDOFILIA É CRIME!

É... Você que está lendo isso é um peidófilo em potencial (ainda bem que no meu planeta não tem disso não!). Vive soltando seus gases a torto e a direita e pensa que fica impune. Saiba que seres como eu observam a tudo mesmo distantes. E essa coisa de compartilhar o pum com a coletividade não tem graça nenhuma.

Não bastasse o desprazer de ‘forçar’ uns gases nas narinas alheias (e nem admitir o feitio, nem aceitar quando a problemática flatulenta é de autoria de terceiros), tem gente que até mata por causa de um pum (é... aconteceu no Recife essa semana, uma discussão sobre o autor do fedido, o que acabou resultando em assassínio). Ridículo!

Você seres humanos são mesmo um fedor. Danam-se a produzir gases (o que é normal diante da vossa constituição biológica), mas recusam se aceitar como peidófilos - pô! Vão ao banheiro soltar seus puns, bando de sacanas!

Em todo universo, a consciência moral passa por todas as coisas, inclusive as consideradas irrelevantes, como a questão aqui abordada. Por isso mesmo não duvidem: peidofilia é crime! E quem continuar com essa mania fedida vai se ver comigo! Hum!!!

OBS.: o ET Cetera informa que a brincadeira com o termo ‘peidofilia’ nada tem a ver com o horrendo crime de pedofilia. E reitera: “Quem infringir a lei vai se ver comigo! Hum!!!”...



* ET Cetera é um alienígena de outras paragens, que muito aprecia observar a vida humana e que está mantendo contatos literários intergaláticos comigo. Pense num ET escroto!

sábado, 25 de outubro de 2008

Justiça Cega ou Caolha?


Athena, Deusa da Justiça, foi eternizada no meio jurídico com os olhos vendados e segurando uma balança nas mãos. A justiça é cega ou caolha? No Brasil, essas duas versões ganharam força nesta semana.

Cega, conforme exemplo maranhense, cujo Tribunal de Justiça proibiu que a prova do concurso para Magistratura desse estado seja feita em braile, com ajuda de ledor ou de software - excluindo, assim, os deficientes visuais da concorrência. O presidente do TJMA, Raimundo Cutrin, simbolizou a ‘cegueira’ da justiça ao afirmar que “a atividade de juiz é incompatível com a falta de visão”. Despreparo e desrespeito, sem dúvida.

Caolha, segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco, que numa ação míope em conjunto com o Ministério Público e o Instituto de Assistência Social e Cidadania, colocou a Polícia Militar para retirar crianças das ruas, tidas como exploradas pelos pais. O que deveria ser uma ação de proteção transformou-se em perseguição a crianças que, desesperadas, corriam desorientadas (“fugindo da policia”) ou choravam incontinentes nos braços dos pais. E tudo sem a presença de psicólogos ou, sequer, de diálogo. Despreparo e desrespeito, sem dúvida.

A justiça é cega ou caolha? Olhando melhor, acho que a falta de visão está naqueles que deveriam promovê-la - e não agir com injustificáveis distorções. Quanta cegueira...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Amar


Amar
Não é essa coisa piegas
Que por aí se apregoa.
Nem
Essa paixão travestida
Que confunde as pessoas.

Amar
Não é essa química tola
Que de tão superficial logo voa.
Nem
Esse senil abstrato
Retrato do homem que não perdoa.

Amar
É o olhar contundente
Da justiça e da compaixão.
É o
Entregar-se sem julgo
Sem apego, nem prisão.

Amar
É o sensível sentido
De enxergar o outro em si.
É o
Natural presente no indivíduo
O bom, o belo e o infinito, enfim.
(Sidney Nicéas)

domingo, 19 de outubro de 2008

O Dos Outros!


Emprego. Casa. Cônjuge. Beleza. Estilo de vida. Nesse sentido, o dos outro é melhor (não é mesmo?). Dizem que até a grama é mais verde... (ora! Verde sou eu!!!)

Pois é...

Chulé. Flatulência. Sovaqueira. Suor. Mal hálito. Nesse sentido, o dos outros é pior. De si todo mundo suporta, já dos outros... (ainda bem que não sou humano e não tenho essas coisas)

Pois é...

Isso tudo porque, quando a questão é ‘positiva’, o homem deixa a inveja ‘vossa’ de cada dia sobressair (e notem que não existe inveja boa). Quando não, o ego assume, mostrando a sua faceta mais mesquinha. E é nesse vai-e-vem que a humanidade vai se perdendo numa fedentina desgramada. (eca!!! No meu planeta não tem disso não...)

Pois é...


* ET Cetera é um alienígena de outras paragens, que muito aprecia observar a vida humana e que está mantendo contatos literários intergaláticos comigo. Pense num ET escroto!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Homem, o Bêbado e a Testemunha


Eu vi. Agressões de um corpo ‘são’ para com um moribundo. Socos e empurrões foram desferidos pelo homem, deixando o bêbado ainda mais vulnerável ao chão. Uma covardia.

Ainda que testemunha distante, a cena me perturbou. Pela violência, pela covardia, pela gratuidade. Hoje quase não há mais diálogo. As coisas se resolvem no braço (na faca, na foice, no revólver...). Onde anda a nossa racionalidade?

Uma semana se passou e eis que me deparei com o agressor, casualmente, na rua. Nossos olhares se cruzaram e eu deixei transparecer, na minha incisividade, meu julgo contundente. Quem era ele para bancar o valentão? ‘Covarde!’, pensei. E segui em frente, mantendo um silêncio impiedoso.

Agora, passados os fatos, sinto-me envergonhado. Quem sou eu para julgar aquele homem? Ainda que nenhuma palavra eu tenha direcionado a ele, acusei-o e, talvez, tenha feito pior do que ele havia feito outrora com o bebum. E foi a minha consciência retilínea que afrontou a mente acusadora, mostrando-me que viver é mesmo uma experiência fundamental.

Ninguém é melhor do que ninguém. Essa é a constatação. E eu sou testemunha.

domingo, 12 de outubro de 2008

ET Cetera e a Série 'Homem Bizarro'


Todo domingo, a partir desse dia 12 de outubro até o dia 02 de novembro, você vai conferir a “Série Homem Bizarro”. A mais nova série do seu ‘Blog De 2 em 2...’ terá o comando do nosso ET Cetera e tem como objetivo tratar com muito bom humor as peculiaridades do ser humano. A primeira jornada segue abaixo: "Tire o Dedo do Nariz". Aprecie, comente, divirta-se...

Tire o Dedo do Nariz!


O semáforo avermelhado é o sinal. Basta parar o veículo e procurar com atenção que a visão de algum motorista descuidado futucando as ventas se fará real. E tome dedo atolado no nariz!

Crente que não está sendo observado, o motorista melequento mexe e remexe na ânsia de atingir aquele volume de sujeira mais distante (e que tanto está incomodando). Entre entradas e saídas da cavidade nasal, eis que o dedo vitorioso se encontra com outro que à espera está, a fim de, num prazeroso esfregão, entregar ao léu a recente conquista... A catota!

Catota: “meleca; secreção nasal ressequida”. Essa é a definição clássica do dicionário e que muito bem podemos aplicar ao próprio ser humano. Melequento. Que esconde em si as sujeiras mais recônditas, disfarçando-se como se fosse uma sumidade de limpeza (e considere isso além da questão da sujeira física).

Por isso mesmo, afirmo que a conquista da sujeira escondida é um troço comum aos terráquios. Quem aqui nunca tirou uma catotinha do nariz e negou isso com veemência (e ainda nega)? Pois é. Até nisso vocês são hipócritas...

Sendo assim, então, só me resta finalizar reproduzindo a letra ‘profunda’ de uma canção ‘infantil’ (que Dona Roseana cantava para seus filhos e sobrinhos quando estes eram crianças - pra divertir, é claro!), dentro dessa temática ‘apaixonante’:

“Tire o dedo do nariz
Se você quer ser feliz
E depois bote na boca
Sinta o gosto de catota
E depois cheire chulé
Você vai ver como é bom”...

Sorriam e boa semana a todos (se puderem, terráquios melequentos)!!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eu Tenho Caráter!


Caráter: “firmeza de atitudes (...) retilineidade nas ações”. Ter caráter é vigiar os próprios atos para que os mesmos não traiam a noção individual do que é correto. É persistir numa tendência reta de valores - honestidade, respeito, compreensão. Enfim, é talvez o atributo interior e individual que mais se aproxime da justiça.

Eu tenho caráter. Longe da perfeição, vejo-me em constantes embates interiores, buscando uma “firmeza de atitudes” e uma “retilineidade nas ações”. Apesar da minha caturrice (“teimosia (...) atributo de pessoa que enxerga defeito em tudo”), faço valer a minha consciência (“atributo de quem julga a sua própria realidade”). Isso faz parte de mim. Caráter. E eu posso afirmar com veemência que o tenho.

Coincidência ou não, hoje é o Dia do Vereador. Aquele potencial ‘agente de transformação’ eleito pelo voto popular. Ocupante de um cargo que exige, sim, caráter e consciência para legislar, mas que tanto anda em extinção.

Coincidência ou não, ontem tivemos eleições para vereador (e também para prefeito) em todo país. Pleito que exige do eleitor o mesmo caráter e consciência para exercer seu direito cívico - eleitor esse que anda um tanto desacreditado.

Coincidência ou não, ontem eu votei em branco. Eu, que tenho caráter e consciência. Não enxerguei tais atributos nos concorrentes disponíveis. Traí a minha noção democrática branqueando meu voto, um branco de protesto, reflexo do meu desânimo enquanto cidadão. Reconheço minha momentânea fraqueza (pois é, amigo Paulo Carvalho), mas confesso que tudo fiz conscientemente. Com caráter - ainda que também com caturrice.

Contudo, passado o pleito eleitoral, a vida segue. Alheio ao Dia do Vereador e à minha atuação enquanto eleitor, sigo em frente. Persistindo na minha noção de caráter. Valendo-me da minha consciência. Acreditando que amanhã eu poderei ser melhor que hoje, afinal, democracia é isso mesmo. Viver, também.

sábado, 4 de outubro de 2008

Justo Veríssimo Vive!


“Eu odeio pobre! Eu quero que o pobre se exploda!”. Quem não lembra do personagem de Chico Anísio, genial caricatura dos políticos brasileiros? Pois é. Justo Veríssimo vive! E é nele que eu vou votar!

Juro que tentei pensar diferente. Olhei atentamente para as propagandas, busquei informações na internet, tente descobrir um que fosse no horário eleitoral gratuito. Em vão. Eleitor em Olinda e defensor do voto como ferramenta de transformação pelo cidadão, curvo-me à falta de opções para votar com coerência.

Perdoem-me os possíveis bons políticos (seria isso um paradoxo?) que aí estão pleiteando vaga no poder público, mas ocultar-me-ei nessas eleições. Vou amarelar - aliás, branquear. E tudo por não enxergar o perfil sério, honesto e trabalhador que esses cargos demandam, afinal, votar em branco soa mais ‘justo’ que eleger quem não considero ideal. Por isso mesmo reafirmo: Justo Veríssimo vive! E é nele que eu vou votar!

É isso. Vou dar a ele o meu voto. Branco. Da cor do preconceito social que ele pregava e que tão bem refletia (e ainda reflete) a classe política brasileira. Branco neles! E os políticos, então, “que se explodam”!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Dúvida Literal


Olhei para ele
Com uma interrogação na cabeça,
Pontuação que refletia
Uma dúvida literal:

Quem o escraviza sou eu
Com meus anseios pueris,
Ou é ele que me mantém preso
Em tenros braços paginais?

Antes que tivesse a mente um curto
E eu uma reação descomunal,
Ousei agir com mãos vazias
E encerrei a questão com um ponto final:

Fechei o livro.