sábado, 5 de abril de 2008

Adeus e Solidão

Olhos apertados
Lágrimas reprimidas
Magoei a menina...
Dos meus olhos.

Peito apertado
Batimentos sofridos
Machuquei os inquilinos...
Do meu coração.

Agora todos se foram...
Sofrerei sozinho, então.



Enquanto o vulcão Kilauea explode no Havaí, no Brasil a mídia se delicia em explorar o caso da menina Isabella Nardoni - mais uma inocente vitimada pelo nosso caos social.

Enquanto muitas crianças tornam-se vítimas dos desequilíbrios adultos - dos pais, de familiares ou de estranhos -, a sociedade se choca, manipulada pelos meios de comunicação, que tornam o suposto (e provável) assassinato da garotinha branca e rica em questão nacional.

Quantas Isabellas (negras, pardas, pobres, miseráveis) morrem todos os dias? Quantas delas ocupam o horário nobre da televisão ou as principais páginas dos maiores jornais brasileiros? Quantas não morreram com igual ou maior gravidade?

Enquanto o Brasil chora lágrimas incongruentes - e a mídia alimenta sua audiência -, o vulcão Kilauea continua dando um show de beleza, mostrando a força e a exuberância da natureza. Talvez para nos mostrar o quanto ainda damos adeus ao bom senso e mergulhamos na solidão.
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Soframos todos sozinhos, então...