Sim. O amor
não é essa crise bêbada a que nos habituamos a confundi-lo. Embriagamo-nos em
sensações egoístas e fazemo-nos acreditar que isso é amor. Ledo engodo.
Amar, se não
for difícil, não provém do amor. Não é amar. É embriaguez. Essa tal crise
bêbada (repito) que nos deixa flutuantes, tontos, entorpecidos, encharcados de
uma pseudoeuforia. É tortuoso o caminho do amor. Cheio de provações e desafios.
E só ama de verdade quem se aventura a testar-se em todas as suas variantes.
Relacionamentos
amorosos são a maior prova disso. Dois seres de sexos opostos ou iguais que se
unem para toda uma vida – ou não. Quem suporta os defeitos alheios? Quem
enxerga suas próprias mazelas? Quem se coloca no lugar do outro? Quem tolera? Quem
perdoa? Quem cede? Quem abdica? Quem apoia incondicionalmente? Quem?
Num
relacionamento amoroso (ou em qualquer outro tipo de relação - até com aqueles
que desconhecemos), amar exige uma condição suprema. Ser mais divino do que
humano. Ser mais o outro do que si próprio. Dar mais do que receber. Enxergar e
também saber cegar-se. Suportar os momentos atribulados, sabendo que não se
está mesmo só. Apenas amar.
Não estamos
em tempos de desamor. Não. Esse tempo de agora somos nós que fazemos. E estamos
dando a essa era o que somos: egoísmo, acomodação, orgulho, inconsequência. Todavia,
esse continua sendo o tempo do amor – como todas as eras são. Mais sobriedade,
contudo, é o que nos falta para compreendê-lo. Aí, certamente, faremos do mundo
uma grande casa.
Sim. O amor
não é essa crise bêbada a que nos habituamos...
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* E para entender melhor tudo isso, indico um
dos melhores filmes do ano, em cartaz no Recife: “Amor”, de Michael Haneke.
Assistam. Reflitam. E constatem que, amar, não é mesmo uma crise bêbada...Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=XrFIw_Trvyk