Todo
final de ano é assim: festejos, bebedeira, uma pseudo-felicidade que invade as
pessoas. Um desejo de “boas festas” que acaba transgredindo a realidade nossa. Não.
Não estou sendo negativo.
O
cotidiano permanece conturbado. As pessoas se esforçam cada vez mais para
perpetuar o individualismo em detrimento do coletivo. As famílias cada vez
menos se entendem. Pessoas morrem de fome. De ignorância. De falta de amor. Guerras
são absurdamente movidas em nome de Deus e do poderio egocêntrico humano. E
todo final de ano essa onda de euforia ignora tudo isso. E as pessoas querem
ficar ricas, saudáveis e felizes sem sequer fazerem o devido esforço para tal.
Está
bem. Claro que a intenção conta, mas fraternidade e bem-aventurança são
cultivos diários – e não contos natalinos. Claro que desejar o bem é bom, mas limitar
isso a um breve período do ano é, no mínimo, hipocrisia – e uma forma pueril de
viver. Claro que união e energias positivas são bem-vindas no final de ano, mas
isso deve ser algo mais rotineiro – e menos sazonal. Claro que ter uma visão
positiva das coisas é sempre bom, mas não com essa parcialidade egoísta – e como
um “ópio” para atenuar as nossas mazelas.
O
mundo gira sem parar – isso mesmo, sem parar. A cada segundo temos a
oportunidade de sermos melhores. De fazermos as coisas de uma maneira mais
divina. A cada noite dormimos e, pela manhã, renascemos para um novo dia. Isso,
sim, é (ou deveria ser) renovação. Rotineira. Verdadeira. E não travestida de uma
euforia míope.
Está
bem. Desejar um “feliz ano novo” não é nada demais – ainda que a grande maioria
das pessoas ignore que esse “novo” se dá diariamente -, mas... Boas festas? Pra
quem??? (não. Não estou sendo negativo...)