segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Lendas da Internet: Papai Noel Existe! E Mora na Bulgária...



A internet é tão somente uma extensão do comportamento social humano. E, nela, muitas pessoas (muitas mesmo!) tentam amenizar seus complexos de culpa, especialmente no que diz respeito a ações de caridade e responsabilidade socioambiental.

Daí surgem as correntes ameaçando quem não repassa orações (não, gente, Deus não castiga, aceitem as consequências dos seus erros e pronto!); apelos para ajudar vítimas das mais diversas enfermidades, onde cada clique vai gerar doação financeira de uma empresa de internet às supostas vítimas (nenhuma empresa doa absolutamente nada ao se compartilhar posts e/ou e-mails!!!); campanhas falsas sobre animais etc. São inúmeros os objetivos de quem dissemina esse tipo de lixo virtual (da “popularidade” da postagem a maillings de spam).

Nesse sentido, vale sempre investigar se o assunto em questão é verdadeiro ou não, se vale a sua difusão ou não, se merece a sua efetiva “caridade virtual”. Todavia, há posts verazes. E foi com um desses que me deparei a pouco, que contava a história de um velhinho caridoso.

“Conheça Dobri Dobrev, 98 anos de idade, um homem que perdeu sua audição na II Guerra Mundial. Todos os dias ele anda 10 quilômetros de sua aldeia vestido com suas roupas caseiras e sapatos de couro para a cidade de Sofia, onde ele passa o dia pedindo dinheiro. Recentemente foi descoberto que ele doou cada centavo que ele 'arrecadou' de esmolas — mais de 40.000 euros — para ser usado na restauração de velho mosteiros búlgaros e para apoiar orfanatos públicos, enquanto ele vive com sua pensão mensal de 80 euros. Como dizia Bento XVI: “Existem santos que só Deus sabe o nome”, dizia o post.

Dobrev existe mesmo. E sua história é real. Virou até documentário (assista trecho em inglês abaixo). E sua vida é tão extraordinária que decidi escrever sobre ele aqui (aproveitando para alertar a todos quanto aos posts que circulam pela web). Chamei Dobrev de “Papai Noel” - sua aparência e generosidade são dignas de um personagem fictício.

Que fique, assim, a lição para um 2014 marcado pela nossa consciência coletiva, resultando em generosidade. Que a nossa vontade de ter um mundo melhor comece a partir de nós mesmos, no dia-a-dia. De verdade...

OBS.: existe um site excelente que investiga o que é verdade e mentira no mundo virtual: www.e-farsas.com.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Viva a Pegação?



“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas elas me convêm”.
(Paulo de Tarso)


Uma peça publicitária de uma marca de preservativo na TV me chamou atenção. Mulheres dançando numa balada, uma a uma, vão agarrando um ‘macho’ qualquer e, no take seguinte, usando calcinha e sutiã, são “jogadas” na cama. A última delas é uma cantora de funk, famosa. E, com cara de quem quer apenas prazer, tem o slogan finalizando: “viva a pegação”.

A referida propaganda me traz visões distintas. Se por um lado coloca a mulher como centro da liberdade sexual (igualando-as aos homens nesse contexto), por outro estimula o sexo a qualquer custo, desde que se use preservativo. Viva a liberdade de expressão. Viva o direito de ir pra cama com quem se quer (seja homem ou mulher – e no caso das mulheres serem o foco da propaganda, ponto pra quem a criou). Viva o preservativo, meio eficiente de se evitar doenças e gravidez indesejada. Mas... Viva a pegação?

Toda essa ideia de “transe com quem quiser, com quantos quiser, quantas vezes quiser, mas use camisinha” começou com a propaganda oficial. O Governo Federal, já há alguns anos, erra em se preocupar com os fins, e nãos com os meios (ainda que acerte em estimular o uso do preservativo, claro). Preocupa-se com as consequências dos atos, mas pouco se interessa em educar a população. A promiscuidade sexual acabou se tornando algo preocupante numa geração que, genericamente, ‘cresce’ praticamente sem se interessar em conhecer o amor, travestindo-o de tão somente diversão sexual.

Não se trata aqui de ‘discursinho politicamente correto’. Não. A liberdade sexual jamais deve ser confundida com promiscuidade. Ser livre não é fazer o que se quer, mas o que se convém (numa visão pessoal, própria de cada um). É preciso um mínimo de maturidade para se relacionar sexualmente. As mulheres conquistaram o direito de igualdade, mas não precisam repetir o ‘machismo’ que imperou durante tanto tempo, cuja alcunha maior foi a expressão “caiu na rede, é peixe”.

Já passou a hora de se estimular uma visão mais natural do sexo. Para ser adulto, não é preciso transar com quem quer que seja. Antigamente, fumar e beber significava que o sujeito era homem crescido. Hoje em dia, para meninos e meninas, transar ganhou idêntico significado. E nem o álcool, nem o cigarro, nem o sexo define ninguém. Há muito mais a se compreender além da dança dos corpos e da ânsia pelo gozo.

A escolha da artista que estrelou a propaganda foi feliz. Uma cantora de funk fazendo propaganda de preservativo, cujo slogan é “viva a pegação”: com todo respeito, nada mais emblemático para nosso momento artístico-educativo-cultural...


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OBS.1: o meu romance “A Grande Ilusão” oferece um aprofundamento dessa questão sexual. Quem quiser conferir, o livro continua à venda nas melhores livrarias.


OBS.1: e já que Réveillon está aí, juízo, pessoal, na hora de brindar o ano novo...

domingo, 22 de dezembro de 2013

O Que Danado é o Natal, Afinal?

(se você é criança, não leia!)




Não. Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro. Papai Noel não existe. Dar presente(s) e/ou desejar Feliz Natal não é sinônimo infalível de amizade e fraternidade. Não.

Buscar um significado real para os festejos natalinos não é algo lá tão convincente. O simbolismo da data é quase utópico. O sentido religioso quase inexiste. As invencionices comerciais predominam. A hipocrisia impera – ao menos, as reuniões familiares se multiplicam e há um esforço momentâneo por paz. Mas... É só isso?

Em tempos marcados pela completa ausência de senso coletivo na maioria das pessoas; por “reis de baladas” esbanjando fortunas com futilidades enquanto milhões padecem de fome; pela total falta de ética de quem deveria dar exemplo (estou falando especialmente da classe política no mundo inteiro); pelos abusos de poder de autoridades e pessoas comuns dentro de seus próprios ‘lares’; por relações virtuais que muitas vezes separam mais do que unem; enfim, pelo preconceito que, ao que parece, se encruou em nosso meio social... É nesse tempo em que comemoramos mais um Natal, em nome de um cara que foi o suprassumo da dicotomia ‘homem-Deus’.

Fiquemos, então, com o simbólico. Fiquemos com as boas intenções (ainda que muitas delas, repito, marcadas pela hipocrisia). Fiquemos com a alegria transitória do presente. Fiquemos com a ‘pseudomagia’ do bom velhinho, que só “presenteia” quem tem dinheiro (diferente da história de São Nicolau - quem conhece?). Fiquemos, também, com o (ignorado) sentido Crístico da ocasião. Fiquemos, ainda, com a certeza de que nós podemos ser muito melhores do que somos. E que, assim, os futuros natais possam ter significados mais genuínos.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Chegada do Rei...



Sexta-feira. O rei acorda.

- Onde estou, biecho?
- No hospital - falou um homem todo de branco.
- Ôxe... Tá diferente...

Entram três visitantes.

- Eita coisa boa a sua chegada, meu rei!
- Danou-se! Science, Domingos e Gonzaga? Então eu m...
- E ninguém morre, cabra!

O rei gargalhou.

- Então vamos tomar uma pra comemorar, biecho!!!


(e enquanto familiares, fãs e amigos se entristecem, o rei se diverte em outra dimensão. A morte não existe mesmo... Vida eterna ao rei!)

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Deus é Surdo?


A foto que ilustra este post circula há algum tempo pela web. A imagem de um muro pichado com a frase: “Jesus não é surdo! Ore baixo e respeite os ouvidos dos outros filhos de Deus!”, foi tirada pelo próprio “pichador”, um morador de Arraial do Cabo (RJ), arretado por conta da barulheira que membros de uma igreja evangélica vizinha à sua residência faziam em seus cultos. Levando o caso da poluição sonora à polícia e depois ao Ministério Público, decidiu demonstrar toda a sua indignação no muro da própria casa. Esse fato, muito além de revelar as dificuldades de diálogo entre vizinhos, aponta, ainda que de forma jocosa, para uma questão paradoxal que há tempos me intriga: por que para ter fé é preciso se exteriorizar? Pois é. Está virando modismo. E não preciso ir longe pra referendar isso.

O prédio onde moro fica próximo a uma igreja evangélica. E ainda que a área do condomínio seja ampla, é comum, vez por outra, escutar em alto volume pregações efusivas, cantos elevados (ao menos no volume das vozes que os entoam!) e até o que me parece bate-papos sobre religião. Tudo num esforço para que a vizinhança escute, como se isso significasse “pregar a palavra de Deus”.

Engana-se, contudo, quem pensa que essa exteriorização da fé é exclusividade dos intitulados evangélicos. A recente festa no Morro da Conceição, aqui mesmo no Recife, marcando os festejos pelo dia de Nossa Senhora da Conceição (08 de dezembro), mostra que a igreja católica vem adotando postura idêntica. Novamente do meu apartamento, que fica próximo à rota para o referido morro, foi quase insuportável tolerar as orações e gritos de louvor entoados às alturas do que me pareceu um trio elétrico, reforçado pelo grito da multidão. Parecia que Nossa Senhora estava tão longe que não conseguiria ouvir. Foi de passagem, mas incomodou os ouvidos dos outros filhos de Deus, como eu.

Acredito piamente que nós somos o ponto de partida para a questão evolutiva. Fé é entrega. Confiança absoluta. Algo totalmente íntimo e interior e que deveria ser exercido e exercitado numa solidão ativa. Parece-me sem sentido um esforço tão grande para exteriorizar a própria crença. Questiono-me, com todo o respeito que tenho a todos os credos religiosos, se tal exteriorização é tão somente uma distorção do que é ter fé ou se tudo se resume a ações esmeradas de merchandising para propagar os próprios conceitos religiosos.

“Pregar a palavra de Deus” não é decorar trechos da Bíblia (ou de qualquer outro livro religioso) e sair empurrando ouvido abaixo de outras pessoas, seja abordando-as (na rua ou em suas casas), seja ouvindo música religiosa em alto volume em veículos públicos, seja gritando em cultos e/ou eventos religiosos. Não. A ‘pregação’ deve ser pessoal e mirada no exemplo. Exemplo para si próprio. Cuidar de ser um ser melhor. Agir mais e falar menos. Buscar Deus dentro de si (e não numa exteriorização que só incomoda quem pensa diferente), sem se preocupar com rótulos, muito menos religiosos.

Respeitar o outro e todas as diferenças que existem entre as pessoas é fundamental para a boa convivência humana. Vale muito a pena refletir sobre isso. E seria interessante que tal reflexão começasse já na minha rua, afinal, Deus não é surdo – e eu também não...

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OBS.: pesquisando na web, acabei descobrindo que existe um site e uma página no Facebook que aborda essa questão (Deus não é surdo. Ore baixo – o detalhe é que eu já havia intitulado esse post, mesmo sem saber da existência do site). Quem quiser conferir: http://www.deusnaoesurdo.com.br.