segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Futebol Sem Magia


Aos 33 anos, vejo que a magia acabou. E não se trata da constatação de um adulto ante a infância finda, mas, como o título revela, da decadência moral que virou o jogo no mundo do futebol.

Ainda peguei a fase final de um tempo em que se jogava por amor – ao clube, a si próprio, a nação da bola... Mas não ao dinheiro. O tempo em que torcer era algo prazeroso – paixão saudável, familiar, alegria e tristeza como parte do espetáculo. Uma época em que o futebol e a sua magia formavam um casal em tanto. Aonde tudo isso foi parar?

Não bastasse o aumento escancarado das sabotagens, dos roubos explícitos de resultados e cifras, do superdimensionamento dos salários dos atletas, do surgimento das estrelas que brilham mais do que valem, dentre tantos outros deméritos, o futebol agora é sinônimo de violência, insanidade, assassinato.

Torcedores adversários agora são inimigos. Ir ao estádio representa perigo de morte. Usar a camisa do seu clube de coração pode ser um risco fatal. Até um grito de gol, momento mais sublime de uma peleja, pode resultar em crime. Eis o futebol sem magia, semeado nos quatro cantos do Brasil - e do mundo.

E enquanto o planeta bola explode, os cartolas enriquecem. Empresários do ramo multiplicam seus dividendos. Autoridades pouco fazem para coibir tais abusos. Torcedores são tratados como subproduto. E a magia segue em extinção, deixando quase nenhuma sensação de esperança àqueles que, como eu, um dia conheceram o verdadeiro sabor desse esporte.

‘Até que a morte os separe’: o casamento entre futebol e magia está findando com a ironia desse sacramento. O bom senso se foi. A morte nos estádios está sepultando essa magia que um dia existiu. A separação, assim, é inevitável. E lá se vai o ‘felizes para sempre’...