segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eu Tenho Caráter!


Caráter: “firmeza de atitudes (...) retilineidade nas ações”. Ter caráter é vigiar os próprios atos para que os mesmos não traiam a noção individual do que é correto. É persistir numa tendência reta de valores - honestidade, respeito, compreensão. Enfim, é talvez o atributo interior e individual que mais se aproxime da justiça.

Eu tenho caráter. Longe da perfeição, vejo-me em constantes embates interiores, buscando uma “firmeza de atitudes” e uma “retilineidade nas ações”. Apesar da minha caturrice (“teimosia (...) atributo de pessoa que enxerga defeito em tudo”), faço valer a minha consciência (“atributo de quem julga a sua própria realidade”). Isso faz parte de mim. Caráter. E eu posso afirmar com veemência que o tenho.

Coincidência ou não, hoje é o Dia do Vereador. Aquele potencial ‘agente de transformação’ eleito pelo voto popular. Ocupante de um cargo que exige, sim, caráter e consciência para legislar, mas que tanto anda em extinção.

Coincidência ou não, ontem tivemos eleições para vereador (e também para prefeito) em todo país. Pleito que exige do eleitor o mesmo caráter e consciência para exercer seu direito cívico - eleitor esse que anda um tanto desacreditado.

Coincidência ou não, ontem eu votei em branco. Eu, que tenho caráter e consciência. Não enxerguei tais atributos nos concorrentes disponíveis. Traí a minha noção democrática branqueando meu voto, um branco de protesto, reflexo do meu desânimo enquanto cidadão. Reconheço minha momentânea fraqueza (pois é, amigo Paulo Carvalho), mas confesso que tudo fiz conscientemente. Com caráter - ainda que também com caturrice.

Contudo, passado o pleito eleitoral, a vida segue. Alheio ao Dia do Vereador e à minha atuação enquanto eleitor, sigo em frente. Persistindo na minha noção de caráter. Valendo-me da minha consciência. Acreditando que amanhã eu poderei ser melhor que hoje, afinal, democracia é isso mesmo. Viver, também.