sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Futebol x Espetáculo

Uma partida de futebol é um espetáculo. As equipes são as atrações. O torcedor, público pagante. Os clubes são os agentes fidelizadores. Os torcedores, seus principais clientes. Os estádios, palcos seguros e confortáveis para eventos memoráveis.

No Brasil, esses ingredientes nunca foram realidade. A começar pelas agremiações, geridas com uma falta de visão inacreditável. “Empresas” com um potencial incrível, mas que não sabem lidar com a paixão de seus clientes, transformando isso num negócio realmente rentável e de sucesso. O recente ranking de devedores do futebol nacional atesta a incapacidade de gestão dos dirigentes brasileiros.

Em Pernambuco (assim como em todo o país), mais que cases de insucesso dos clubes, os torcedores podem ser considerados as maiores vítimas da falta de profissionalismo e de visão de dirigentes míopes. Clientes tratados como subprodutos. Cidadãos expostos aos mais absurdos procedimentos. Gente que contribui mensalmente com seus clubes, paga ingresso e, em troca, não desfruta de organização, segurança, conforto ou, ao menos, de benefícios concretos.

Falta profissionalismo – dos clubes, das federações, de todos os agentes envolvidos nesse espetáculo chamado futebol. Mudar esse quadro não é nenhum bicho de sete cabeças. Contudo, para fazê-lo, é preciso vontade. Profissionalizar a gestão. Deixar de lado o arcaísmo da insossa mistura de política com futebol. Fazer o óbvio. Trazer ao contexto futebolista a receita que permeia as grandes empresas de qualquer ramo de negócio.

A fórmula repetida e desgastada do nosso futebol tem provocado o afastamento do público. Os ‘clientes’ estão acordando. Os clubes e federações, não. E se o ritmo permanecer, o futebol, símbolo maior desse país gigante, tornar-se-á arena de batalhas nada espetaculares – se é que já não se tornou...