domingo, 7 de outubro de 2012

Deu Branco em Mim


Há anos venho me traindo. Sim. Eu que tanto prezo pela coerência. Que tanto cobro por mudança (começando por mim mesmo). Que tanto me desafio para ser alguém melhor. Venho, sim, me traindo. Mas hoje tomei uma decisão para acabar com isso. E me traí novamente para acabar com as minhas autotraições. Explico.

Ainda votante em Olinda (PE), não consegui encontrar um candidato que merecesse o meu voto. Tentei fazer o que vinha fazendo antes. Votando no “menos ruim em potencial”. Deu não. Eu vinha, sim, me traindo a cada pleito eleitoral, excluindo os péssimos e votando nos “menos ruins”, sem a menor convicção. Traição.

Hoje, todavia, acordei e decidi fazer diferente. Não escolhi ninguém. Ninguém mereceu o meu voto. Assim, evitei a autotraição já referida. Mas a traição perdurou. Meu voto em branco não foi um protesto, mas uma incapacidade de valorizar capazes. E nessa atitude traí-me também por me excluir do processo de gestão da cidade nos próximos quatro anos.

Arrependido? Sim. E não. Decepcionado? Com certeza. Enquanto os projetos políticos tiverem como base a ocupação do poder – e não o interesse da maioria – permanecerei me traindo, quer votando nos “menos ruins”, quer passando em branco.

O voto é fundamental para o processo democrático, mas não se deve perpetuar a lamentável situação política do país. Algo precisa ser feito – e não acredito que votar em branco seja a solução (e não me pergunte qual é, então, porque ainda não sei a resposta). Pois é. Deu branco em mim...