quinta-feira, 1 de maio de 2008

Bananalização


Antigamente se dizia: “A preço de banana”. Isso para expressar a desvalorização de algo, ou apontar a sua mínima importância. Aprendemos a dar ‘banana’ para o outro ao mostrar o antebraço com o punho cerrado, num gesto de desprezo. Nos acostumamos a chamar o outro de ‘banana’, taxando-o de frouxo ou incapaz. Também, vimos essa riquíssima fruta ser menosprezada, ainda que continue bastante indicada para uma saudável alimentação.

Hoje, a banana permanece em alta. Seja pelo seu caráter nutricional, seja pela sua pejorativa associação ao banal. Enquanto o comércio de banana representa uma boa fatia do mercado mundial (e, especificamente no Brasil, seja a fruta mais exportada), a ‘bananalização’ abarrota todas as esquinas do planeta.

No nosso país, há muito considerado uma espécie de pátria da banana (embora ela seja oriunda da Malásia), exemplos não faltam. Na Paraíba, um pernambucano promoveu o próprio seqüestro para extorquir dinheiro do pai - o amor filial, o respeito e a honestidade ruindo como ‘banana podre’; no Recife, um protesto na praia de Boa Viagem pediu o fim da violência - e o significado de “paz” e “violência” vai compondo esse ‘cacho’ de coisas importantes cujos valores permanecem sendo distorcidos; em São Paulo, uma pesquisa apontou o aumento do número de abortos no país - mulheres que esquecem e ‘descascam’ os próprios ‘frutos’.

Pois é. A vida vai se desvalorizando, a banana não. Por isso mesmo, acho que vou mudar de ramo. Investir nessa inigualável fruta rende que é uma beleza! Pelo visto, ela é o fruto da prosperidade - nem que seja paradoxalmente assim definida. E nesses tempos de ‘globalização’, ganhar com o banal é a tendência. O mundo, assim, vai ficando cada vez mais ‘bananalizado’. ‘Palmas’ para nós...