segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Confissões de uma Esquina


Era apenas um velho aos meus olhos de pedra. Solitário. Conduzido por pés desjuvenescidos. Alheio a outros dois jovens membros inferiores que seguiam almejando uma estranha colisão – cujo ser que os conduzia trazia olhar de frieza, assim como era fria a lâmina que tentava se aquecer sobre a pele da cintura. Está bem... Éramos só nós três naquela madrugada sempre embriagada pela maresia – o velho, o desconhecido e eu –, cada qual com sua solidão distorcida. E a colisão, inevitável, foi tripla. E os meus olhos empedrecidos arregalaram-se com o surrupio do vento abençoando o vil golpe. O cair do velho homem aos meus pés de pedra. E o correr do meliante com o arrecadado naquela breve ação – e com aquela velha alma outrora vivente em suas gélidas mãos...