domingo, 6 de abril de 2008

Aqueles que se Entregam à Própria Sorte

Arcabouço disforme,
Desarmonia reinante em corpos retorcidos,
Forçadamente amiudados,
Guardando em si atrofiada mente,
Auto-absorta,
Nodosa.

A capa, assim, já nem serve
E o âmago amarga o apressar do passo,
Esse inocente e intencional acelerar humano.

Os voluntários se auto-sentenciam,
Guardam concorrida turba no leito de morte,
Recatadas pr’aqueles que se entregam à própria sorte.

Cumpra-se, então, o dito adágio!



Observo-nos. Como nos deixamos envelhecer! Decrepitude mental que se reflete no corpo, o ‘arcabouço disforme’, imagem de eu’s complexos, reprimidos, insatisfeitos, revoltados.

Somos todos gordos. Cheios de egoísmo, violência, culpa, medo, solidão. A obesidade moral nos consome, dia após dia, como um carrasco voraz. Deixamo-nos atrair pela cobiça, como se nós mesmos não nos bastássemos. E esse mal coletivo perdura...

Eu também estou gordo. Um tanto farto desse excesso de notícias ruins, desse nosso exacerbado senso de exploração do comum e do absurdo: a prisão do homem pago para cuidar de um idoso de 81 anos (e que, ao invés disso, espancava-o); a morte da modelo (mais uma) por anorexia, na busca desequilibrada pela beleza; a mulher que, de tão gorda, morreu esparramada numa cama...

Pois é... Ao que parece, somos todos aqueles que se entregam à própria sorte...