quarta-feira, 7 de maio de 2008

Imbróglio

Como.
Como?
Como também!
Como?
Como o que?
Como o que o que?
Não entendeu?... Nem eu!



Alguém disse “a”, outro entendeu “b” e a confusão ‘tava’ feita. Num mundo onde os homens ‘engolem’ as letras das palavras, falta entendimento e sobram desavenças.

‘Virgem Maria’ virou ‘vige’, que acabou ficando ‘vixe’. ‘Oh! Gente!’ virou ‘oxente’. ‘Você’ virou ‘cê’. ‘Por favor’ virou lenda. ‘Com licença’ só para quem porta documento especial. ‘Obrigado’ só para quem faz algo forçado. ‘Bom dia’ quando se ganha algo no período matinal. E o ‘diálogo’, presente divino para o entendimento humano, virou palavrão.

Dia desses quase apanho na rua. Ao parar num semáforo avermelhado, um rapaz se aproximou do carro falando algo e gesticulando brandamente. Vidros fechados, não entendi o que ele dizia e, instintivamente, balancei o dedo na negativa, pois ‘tava’ sem dinheiro. ‘Pra’ que? O cara ficou revoltado... Na verdade, o pedestre queria apenas me avisar que a porta do meu carro não estava bem fechada. Contudo, sua boa vontade logo se transformou numa raiva atroz. ‘Vixe’! Fiquei amiudado...

Bom senso e entendimento também viraram palavrão. Ainda bem que aqui, agora, estamos nos entendendo. ‘Tô’ engolindo palavras aqui e acolá, mas ao menos continuamos em harmonia - se bem que não estamos frente a frente, senão, quem sabe o que poderia rolar, não é mesmo?

O que? ‘Tá’ achando esse papo imbecil? ‘Ó’: é melhor eu ir parando por aqui. Do jeito que as coisas estão, o tempo pode fechar - e não é do clima que eu ‘tô’ falando não...