quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Viva a Pegação?



“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas elas me convêm”.
(Paulo de Tarso)


Uma peça publicitária de uma marca de preservativo na TV me chamou atenção. Mulheres dançando numa balada, uma a uma, vão agarrando um ‘macho’ qualquer e, no take seguinte, usando calcinha e sutiã, são “jogadas” na cama. A última delas é uma cantora de funk, famosa. E, com cara de quem quer apenas prazer, tem o slogan finalizando: “viva a pegação”.

A referida propaganda me traz visões distintas. Se por um lado coloca a mulher como centro da liberdade sexual (igualando-as aos homens nesse contexto), por outro estimula o sexo a qualquer custo, desde que se use preservativo. Viva a liberdade de expressão. Viva o direito de ir pra cama com quem se quer (seja homem ou mulher – e no caso das mulheres serem o foco da propaganda, ponto pra quem a criou). Viva o preservativo, meio eficiente de se evitar doenças e gravidez indesejada. Mas... Viva a pegação?

Toda essa ideia de “transe com quem quiser, com quantos quiser, quantas vezes quiser, mas use camisinha” começou com a propaganda oficial. O Governo Federal, já há alguns anos, erra em se preocupar com os fins, e nãos com os meios (ainda que acerte em estimular o uso do preservativo, claro). Preocupa-se com as consequências dos atos, mas pouco se interessa em educar a população. A promiscuidade sexual acabou se tornando algo preocupante numa geração que, genericamente, ‘cresce’ praticamente sem se interessar em conhecer o amor, travestindo-o de tão somente diversão sexual.

Não se trata aqui de ‘discursinho politicamente correto’. Não. A liberdade sexual jamais deve ser confundida com promiscuidade. Ser livre não é fazer o que se quer, mas o que se convém (numa visão pessoal, própria de cada um). É preciso um mínimo de maturidade para se relacionar sexualmente. As mulheres conquistaram o direito de igualdade, mas não precisam repetir o ‘machismo’ que imperou durante tanto tempo, cuja alcunha maior foi a expressão “caiu na rede, é peixe”.

Já passou a hora de se estimular uma visão mais natural do sexo. Para ser adulto, não é preciso transar com quem quer que seja. Antigamente, fumar e beber significava que o sujeito era homem crescido. Hoje em dia, para meninos e meninas, transar ganhou idêntico significado. E nem o álcool, nem o cigarro, nem o sexo define ninguém. Há muito mais a se compreender além da dança dos corpos e da ânsia pelo gozo.

A escolha da artista que estrelou a propaganda foi feliz. Uma cantora de funk fazendo propaganda de preservativo, cujo slogan é “viva a pegação”: com todo respeito, nada mais emblemático para nosso momento artístico-educativo-cultural...


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OBS.1: o meu romance “A Grande Ilusão” oferece um aprofundamento dessa questão sexual. Quem quiser conferir, o livro continua à venda nas melhores livrarias.


OBS.1: e já que Réveillon está aí, juízo, pessoal, na hora de brindar o ano novo...