terça-feira, 18 de março de 2008

As Maravilhas do Entendimento Humano

Animosidade.
Animais com cérebro pensante.
Medo.
Homens que confundem coragem com estupidez.
Sobrevivência.
Espécie devoradora do próprio sistema vigente.

O que houve com o entendimento humano?

Comunicação é a palavra de ordem, mas o mundo moderno emperra na ausência de palavras conciliadoras. As nações se isolam buscando conquistar o todo, contudo, tropeçam umas nas outras por falta de um diálogo construtivo. As empresas digladiam-se devorando mercados e acabam consolidando o desequilíbrio econômico coletivo. As famílias aceleram o passo para a conquista definitiva da estabilidade econômica, mas desestabilizam-se num caminho seco, distanciado, divisor. E os indivíduos, desconexos, perdem-se na ausência de palavras que unam, na presença de uma mudez agressiva, no semear de um vocabulário feroz.

O que houve com o entendimento humano?



Casos dessa ausência de entendimento entre os seres humanos não faltam. Numa esquina da rua onde moro, por exemplo, existe uma pichação com a seguinte frase: “Coloque o seu lixo na sua calçada!”. Pérola das prósperas relações entre vizinhos...

Indo mais a fundo, li hoje na internet sobre uma tentativa de homicídio em Guaratinguetá (SP), após um ‘bate-papo’ via MSN - os dois rapazes envolvidos trocaram ‘acusações virtuais’ e, dias depois, um deles, acompanhado do cunhado, deu nove facadas na vítima. Ou seja, a internet, símbolo atual da ‘aldeia global’, virou palco dessa distorção humana - embora isso não surpreenda, já que o ambiente na web é apenas uma projeção da nossa realidade social.

Eis as maravilhas do entendimento humano. O que teremos à frente, então? Entraremos por necessidade na era da inteligência artificial, com robôs fazendo papel de seres humanos - proporcionando assim algum entendimento? Ou acabaremos nos devorando de tal forma que, inconseqüentes, findaremos apenas sendo alguns num vazio infernal?

O engraçado nisso tudo é perceber que, quanto mais individualistas e enervados nos tornamos, mais acentuamos a vivência coletiva, construindo prédios cada vez mais populosos e enchendo o planeta de novos seres, sem qualquer planejamento global. Eis a antítese reinante...