Foi
quando ela quis voar. Jogar-se da sacada de seu luxuoso apartamento, no último
andar. Uma torre alta, à altura de uma mulher em altos apuros. Não havia mais o
seu querer por um mundo sem calma, um casamento sem cama, uma profissão sem
gana, uma vida sem alma. Coragem ou covardia? Todos haveriam de se questionar.
Mas de que diachos serve o dizer alheio? Danem-se! Voar soa melhor do que
sofrer! Ser está muito além desse insosso viver! Há, sim, força no meu voar! Os
pés no parapeito. O sopro invisível a tremular os seus cabelos. O buraco negro
da noite a lhe fitar. As pequeninas luzes muito abaixo de si. A imensidão do
universo muito acima da sua pequenez social. Era a hora. Os olhos se fecharam.
As pernas tremeram. Voar é, sim, melhor do que sofreeeerrrrr... O mergulhar no
vão da vida foi-lhe mais prazeroso do que pensava. Mas somente por ínfimas
frações de segundo. Constatar-se desprovida do poder da própria vida doeu.
Mais. Deu-lhe consciência. Mas... E agora? “Meu corpo cai!”, gritou. “Vai-se o
corpo meu!”, compreendeu. A força da gravidade contrastando com o peso de suas
palavras, pensadas e emitidas com urros inaudíveis para o resto do infinito.
“Mas...”, pensou. “Eu tenho alma... EU TENHO ALMA!!!”. O corpo, contudo, continuou
a cair. E foi caindo. E os seus olhos abertos enxergaram o asfalto cada vez
mais próximo. E os seus olhos fechados esperaram a dor do fim. E o bater no
solo a fez abrir os olhos. Em sua cama, o abrupto acordar foi-lhe alívio. E o
suor nos lençóis parecia lhe dizer: tens corpo. E ALMA...
terça-feira, 16 de setembro de 2014
segunda-feira, 8 de setembro de 2014
Pobre Paixão
Lidar com a
política como se lida com o time de futebol, ou com a religião que abraça, ou
com qualquer outra escolha em que se coloca a paixão acima da razão é...
Escolha. Infeliz. Voto também é escolha. E toda escolha requer razão. E toda
paixão acima da razão ilude, divide, empobrece.
Não me interessa
em quem votas. Nem a ti em quem votarei. Disseminar calúnias, informações
dúbias ou encher o outro com excessivas informações sobre qualquer que seja o
candidato é querer impor a própria opinião. O povo brasileiro não se cansa de
se repetir. De se perpetuar trouxa nas mãos de espertalhões.
Na internet,
a manipulação é oficial. Pessoas de idades e formações variadas são contratadas
(isso mesmo: pagas) para produzir informações (verdadeiras, falsas ou
tendenciosas), comentar publicações e disseminar interesses nas Redes Sociais, em
Blogs e Sites diversos. Via e-mail também. E tantos debates acalorados são,
assim, direcionados. E tantas opiniões manipuladas. E tantas pessoas ignoram
todo esse jogo de manipulações. (e não vou nem citar aqui a TV e o indefectível Horário Político)
Eis aí, no
âmbito nacional, três propostas um tanto distintas na teoria, mas tão
semelhantes na prática: grupos querendo se perpetuar ou retornar a ocupar o
poder. É pra votar? Está bem. Do jeito que está, escolhamos as opções menos ruins.
Agora querer fazer do pleito a panaceia de sempre, justificada por pseudodiscussões ideológicas
é... Escolha. E eu mantenho a minha. Calo. E voto – confesso, um tanto injuriado.
Novamente.
domingo, 17 de agosto de 2014
A Educação dos Urubus (Ou Não)
Primeiro
foram carros de som nas ruas convocando o povo. E chamadas na televisão com
idêntico fim. Depois foi a multidão invadindo as ruas. Amanhecendo nas vias da
cidade do Recife em grande aglomeração. E seguindo num domingo agitado, com direito a
missa campal.
Aplausos. Choros
de anônimos. Gritos de “guerra” – também partidários. Cantos religiosos. Pessoas
fantasiadas. Demonstrações de amizade com quem sequer se era conhecido. Flashs
em demasia. A TV explorando closes impensáveis. Selfies sorridentes junto ao
caixão – ou com a viúva. Vaias. Discursos repetitivos. Declarações exageradas
que alçavam um homem público a condição de santo. Teve até apresentação
musical. E foguetório.
(Ah... Sim.
Tinham também familiares e amigos próximos nessa cerimônia de despedida,
transformada por muitos num evento festivo – a força de uma família que
enfrentou a tudo e a todos com força e dignidade).
E enquanto
constatamos, de um lado, uma comoção pública, vimos excessos transmitidos ao
vivo. A simplicidade de um povo entristecido contrastando com gente anônima (e também
famosa) querendo aparecer em rede nacional. Uma falta de bom senso misturada com
o desejo de se despedir de uma figura pública recentemente falecida, de forma
trágica e misteriosa. Um show de antagonismos.
O que
significa tudo isso? Apenas um povo simples misturado com uma multidão sem preparo
para determinadas ocasiões. É a educação dos urubus (aqueles que se aproveitam
sempre para aparecer, não importando o luto). É o ainda despreparo da mídia para
focar no que deveria ser realmente focado (e, em muitos casos, o mero interesse
na audiência). É o uso político em momentos em que não se cabe. É, enfim, o
paradoxo de um país ainda jovem que não sabe lidar com determinados fatos
marcantes de sua história.
OBS.: talvez toda cerimônia de despedida
devesse ter mesmo todos esses ingredientes que vimos no velório e enterro de
Eduardo Campos. Ou não...
segunda-feira, 28 de julho de 2014
Falsa Traição
domingo, 6 de julho de 2014
Retrato
domingo, 29 de junho de 2014
Sobre Vivente
O verbo rasgou o ar
E feriu os sentidos,
Manchou a serenidade
E agrediu os ouvidos,
Fingiu ser palavra
E mostrou-se perigo.
A língua fez-se faca
E entre adjetivos
E conjunções malfadadas
Encontrou no sujeito abrigo.
Pobre gramática esta...
Ainda bem que estou vivo!
sexta-feira, 30 de maio de 2014
O Mundo de Clara
Clara, de repente, espelhou-se só. O mundo inteiro ao seu alcance, mas foi na dor que ela encontrou a solidão. Mergulhou em si. Saber enxergar-se é como a dor. Um dia o momento chega e apequena o mundo nas próprias mãos. Aquele mesmo mundo inteiro que parecia infinito. Aquele sem defeitos e que de tão perfeito fez-se no sorriso dele traição. Clara chorou. Sorriu. E adormeceu...
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Adeus, Harmonia...
A Rua
da Harmonia já foi harmônica.
A Rua da
Consolação anda desconsolada.
A Rua
Imperial, avassalada.
A Ponte
do Limoeiro, enegrecida.
A
Avenida do forte, enfraquecida.
A Rua
da Lama, atolada.
O Cais
do Porto, desatracado.
O Marco
Zero, zerado.
O Rio
Capibaribe, aterrorizado.
O Largo
da Paz anda perturbado.
A Rua
Nova se mostra envelhecida.
A Avenida
Boa Viagem há muito se foi.
A Praça
Chora Menino agora vela a cidade.
E o
Recife, que um dia somente arrecifes foi, arrefece ante o mergulho no próprio
caos urbano.
Adeus,
harmonia...
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
"Eita Povinho Bunda!"
O título desta crônica, devidamente aspado,
é fruto das esculhambações humorísticas do Casseta & Planeta na década de
80. Lembro como se fosse hoje, numa revista semanal, de ter me deliciado com a
arte de uma camisa branca com a bandeira do Brasil estampada à frente, cuja
citada frase substituía a “Ordem e Progresso” do pavilhão nacional. Eu era só
um garoto, mas nunca esqueci a força que o humor inteligente tem. E foi essa
imagem que me veio à mente após a polêmica camisa da Adidas (imagem acima), alusiva
à Copa do Mundo de Futebol a ser realizada no Brasil. Em ambos os casos, apesar
da larga distância entre um produto de humor e outro meramente comercial, a
bunda se sobressai em significados vastos.
Ela (a bunda) é, talvez, o maior símbolo
do Brasil. Aqui e no exterior. Não é só um mero fetiche. Ela representa o sexo
fácil, imagem maior que grande parte dos estrangeiros tem do país e que muitos
de nós mesmos também temos – e que “vendemos” pra quem quiser “comprar”. Vide conteúdos
diversos exibidos (e prestigiados) em nossos canais de TV (dos BBBs da vida aos
apelos carnavalescos e às peças publicitárias - quem lembra, para ficar num
exemplo só, uma propaganda recente das sandálias Havaianas em que um casal
estrangeiro decide ir ao Brasil em férias e a mulher, ao ver uma foto de uma
bunda num anúncio brasileiro, decide mudar de roteiro? Vou nem citar as propagandas
de cerveja e outras mais), as garotas e garotos oferecendo seus corpos nas
esquinas das nossas movimentadas ruas, os bailes funk, as baladas (em todas as regiões
e classes sociais)... Encontrar sexo é mesmo muito fácil por essas bandas.
Você pode argumentar que isso não é
exclusividade nossa. Bom, nessa intensidade, estamos entre os “primeiros”. Além
das já citadas facilidades para se fazer sexo no país, somos “referência” em
prostituição infanto-juvenil e estamos entre os países mais “bem colocados”
quando o assunto é turismo sexual.
Devido ao zum-zum-zum gerado, a Adidas
decidiu cancelar a venda da polêmica camisa. Pega mal dizer certas verdades
(ainda que, por outro ângulo, a mensagem estampada na blusa represente estímulo
ao turismo sexual, esse mesmo que o Brasil é referência). Incomoda-nos ver como
o mundo enxerga essa grande bunda que o Brasil tem feito questão de exibir –
seja pelo sexo fácil já explicitado, pela corrupção descarada que abundalha a
política nacional, pelo caos urbano que teimamos em dejetar, ou por tantas
outras questões que nos fazem de verdadeiros bundões. A camisa provocou repúdio
nas autoridades porque teimamos em não querer enxergar nossas próprias mazelas.
Causou ojeriza em muitos cidadãos brasileiros porque não assumimos que nós
mesmos somos tão passivos, verdadeiros bundões, em lidar com essas e muitas
outras mazelas no dia-a-dia.
Ouso dizer que, ainda que um tanto agressiva,
a camisa da Adidas é perfeita. Assim como a antiga do Casseta & Planeta.
Para um país ímpar como o nosso, com tantos atributos positivos que poderiam
nos transformar numa verdadeira potência, a bunda anda mesmo sendo a nossa cara.
E enquanto a Copa do Mundo não chega e o Carnaval já está batendo em nossa
porta, em nome da “alegria” vamos nos “desbundar”. E continuemos vestindo o fio
dental... Ops! A carapuça...
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Aos Porcos, a Pocilga!
“A internet é o maior território anarquista que já
existiu”. Perdoem-me, mas não lembro onde li essa frase. Sem fonte, mas com a
plena convicção de que o universo virtual se instalou na vida moderna com uma
força imperante, concordo com a afirmação aspada acima, ainda que enxergue esse
território quase sem lei como uma mera extensão do nosso cotidiano social –
ainda mais quando realçamos, nesse contexto, as redes sociais.
Mas deixemos o fator anarquismo de lado. Pensemos
nas citadas redes. Mais especificamente no tão ‘amado’ e ‘odiado’ Facebook, que
chegou realçando a característica anarquista da internet com sua gratuidade,
mas que enfraqueceu o mesmo conceito quando, de forma cada vez mais frequente,
ao que parece, passou a policiar algumas publicações lá exibidas – estou,
evidentemente, deixando de lado outras tantas questões que a transformaram numa
gigante capitalista.
Mas deixemos o fator policiamento (e tantos outros)
de lado. Pensemos no que significa ter um perfil numa rede social. Voltemos ao
conceito de extensão do cotidiano real. Pronto. Aí é que encontramos a natureza
humana por trás do ‘amor’ e do ‘ódio’ ao Facebook. Espelho interessante do que
somos no dia-a-dia.
Relacionamentos virtuais não são, absolutamente,
iguais às relações presenciais. Expor na citada rede dores ou alegrias,
defeitos ou virtudes, conquistas ou derrotas não coloca ninguém em situação
diferenciada. O hipócrita na vida real amplia sua hipocrisia nessa rede. O
mentiroso se encaixa melhor no âmbito virtual. O carente se apega ainda mais no
conforto da virtualidade. O bom encontra terreno aberto para se propagar, assim
como o mau. E por aí vai, afinal, a grande diferença é a facilidade de se esconder
por trás de uma máquina (assim como por tantas vezes nos escondemos sob máscaras).
“Amar” ou “odiar” um instrumento virtual de
socialização nada mais é do que uma forma de exteriorizar a própria forma de
ser. Quem ‘ama’ o faz por adorar expor a própria vida, ou por achar
interessante se relacionar com outras pessoas (muitas que nem mesmo conhece),
ou ficar por dentro das coisas (interessantes ou não) que circulam, ou pelo
dinamismo na comunicação etc. Quem ‘odeia’ o faz por detestar o excesso de
“felicidade” que por lá circula, ou por outras hipocrisias reinantes, ou ainda
pelas manipulações que alguns promovem em posts dos mais diversos... Mas, pergunto:
e tudo isso não encontramos também no cotidiano da vida ‘real’?
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
A Falsa Democracia
“Posso não
concordar com nenhuma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito
de dizê-las”. (Voltaire)
Não, você não sabe o que é democracia. Nem eu.
O caso de Rachel Sheherazade vale para qualquer
cidadão (Jair Bolsonaro, Marcos Feliciano, Danilo Gentili, você, eu...).
Expressar-se é um direito. Os excessos, claro, aqueles que ferem as leis
vigentes, são passíveis de enfrentamento legal. Mas não esqueçamos que a
democracia é a grande lei num ‘estado democrático de direito’. Ou deveria ser.
...
OBS.: não concorda comigo? Tudo bem...
Não, você não sabe o que é democracia. Nem eu.
A falsa democracia é moda eterna. Rachel Sheherazade,
jornalista do SBT, que o diga. Tendo espaço para dar opinião própria num
telejornal, não poupa palavras para criticar o que acha errado, assim como para
elogiar o que acredita ser louvável. Opiniões pessoais. Nada demais, não fosse a já citada
distorcida forma de exercer-se numa sociedade que se diz democrática.
A última polêmica foi o comentário acerca do ladrão
carioca que foi preso nu a um poste por populares, enquanto a polícia chegava
para fazer a prisão. A imagem é absurda (foto). A ausência do Poder Público,
também. E a opinião da jornalista foi incisiva, defendendo a ação dos cidadãos
quando o tal Poder Público não se faz presente – o que chamou de legítima
defesa coletiva (além de menosprezar o jovem da foto, o ladrão, chamando-o de
‘marginalzinho’). Por se expressar dessa forma, foi achincalhada. Certas
opiniões devem ser medidas antes de serem exteriorizadas (ainda mais em se
tratando de um telejornal), mas democracia é democracia. Não há meios termos.
Uma opinião apenas é. Aceitá-la é-nos obrigação, ainda que não se concorde com
ela (até porque, nesse caso, não vi ninguém se preocupar de verdade com a
situação social do ladrão em questão!).
Pra mim, fazer justiça com as próprias mãos, como
ficou subentendido na opinião da moça, é reprovável (ainda que concorde
plenamente que o Governo tão pouco venha fazendo para minimizar os problemas da
segurança pública no país), assim como sou contrário a atos de humilhação como esse
a que o ladrão foi exposto (ainda que não concorde absolutamente com crime de roubo
ou de qualquer espécie), mas que direito tenho de cercear o direito de opinião
alheia quando eu mesmo expresso aqui o que penso?
A questão é recorrente. Na época das manifestações
populares generalizadas (sim, na época, pois já passou, o gigante dormiu...),
as redes sociais ficaram recheadas de intolerância. Os ‘mobilizados’ desciam a
lenha em quem se expressava contra – quem defendia o direito de ir pra rua
expressar sua indignação repreendia o direito do outro de discordar. Exemplo
vívido de intolerância. E é essa mesma intolerância que simboliza essa falsa
democracia e produz todos os preconceitos e desarmonias. Não aceitamos o
diferente. Não aceitamos o que destoa do que pensamos. Vivemos como se fôssemos
deuses na arte da crença. E, assim, só nos apequenamos diante dessas
demonstrações cabais de antidemocracia.
...
OBS.: não concorda comigo? Tudo bem...
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Ela e Eu
Vens à superfície
Apenas me olhar.
Luminária minha...
Quantos dourados
Teu prata contém?
És tu, lua,
Minh’alma nua
No céu a brilhar...
És o divino em mim
Brincando de deusa
Sobre as águas do mar...
. . .
(A lua cheia nascendo na fantástica Praia dos Carneiros, em Tamandaré-PE, no dia 17/01/14 | Foto: João Melo Neto | Poesia: Sidney Nicéas)
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
O Enterro de Nós Mesmos
Em dois meses, três pessoas queridas
a mim faleceram. Não fui a nenhum enterro. Em um caso, fui ao velório (muito
mais para cumprimentar familiares e amigos). Todos três receberam minha atenção
interior e minhas vibrações de amor, mas nenhum corpo morto recebeu a minha
presença. Já fui a enterros (e, claro, deverei comparecer a outros), mas não
gosto da equivocada ideia de “despedida”. Despedida da carcaça. Não gosto. O
apego ao corpo é um conceito equivocado.
A vida humana é assim. Corpos
conhecidos vão padecendo. Almas amigas vão retornando pra casa. E deixando,
aqui, outros corpos, perdidos, que perpetuam uma cultura mórbida. E quando os
defuntos são ditos famosos, o excesso é contundente.
O que dizer dos velórios (quase)
intermináveis de Dominguinhos, Nelson Mandela e Reginaldo Rossi (isso pra ficar
somente em exemplos mais recentes)? Desconhecidos emocionados pela imagem, já
que, em sua esmagadora maioria, não conheciam os finados em questão. Pessoas
simples, muitas delas, acreditando-se menores do que os tão badalados corpos em
exposição - cujas visões são moldadas apenas pela mídia. Um culto ao corpo que, numa análise fria, nada mais é do que uma
mórbida cultura, repito, de valorizar o que não tem valor (sim, Dominguinhos, Mandela
e Reginaldo Rossi, assim como qualquer outro ser humano, eram muito mais do que
seus corpos enrijecidos).
A desgraça atrai. A morte é ímã.
Funerais parecem o ápice desse ‘urubuzismo’ humano em torno da fragilidade
corpórea. O medo de morrer da maioria soa controverso diante dessa longínqua e
repetitiva morbidez. Fico somente a imaginar-nos no enterro de nós mesmos,
tentando compreender a própria cegueira nossa ante o imaterial. Só imagino.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Os Dedos Por Trás da Língua
Entre a língua
E a mente
Existe um vão
Imensurável,
Cavidades existentes
Pelas mãos movidas.
A virtual distância
É-me real,
Presilhas mentais
Por mim acionadas,
Movendo dedos
Por trás da língua.
Escrevo, então...
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