Não, você não sabe o que é democracia. Nem eu.
A falsa democracia é moda eterna. Rachel Sheherazade,
jornalista do SBT, que o diga. Tendo espaço para dar opinião própria num
telejornal, não poupa palavras para criticar o que acha errado, assim como para
elogiar o que acredita ser louvável. Opiniões pessoais. Nada demais, não fosse a já citada
distorcida forma de exercer-se numa sociedade que se diz democrática.
A última polêmica foi o comentário acerca do ladrão
carioca que foi preso nu a um poste por populares, enquanto a polícia chegava
para fazer a prisão. A imagem é absurda (foto). A ausência do Poder Público,
também. E a opinião da jornalista foi incisiva, defendendo a ação dos cidadãos
quando o tal Poder Público não se faz presente – o que chamou de legítima
defesa coletiva (além de menosprezar o jovem da foto, o ladrão, chamando-o de
‘marginalzinho’). Por se expressar dessa forma, foi achincalhada. Certas
opiniões devem ser medidas antes de serem exteriorizadas (ainda mais em se
tratando de um telejornal), mas democracia é democracia. Não há meios termos.
Uma opinião apenas é. Aceitá-la é-nos obrigação, ainda que não se concorde com
ela (até porque, nesse caso, não vi ninguém se preocupar de verdade com a
situação social do ladrão em questão!).
Pra mim, fazer justiça com as próprias mãos, como
ficou subentendido na opinião da moça, é reprovável (ainda que concorde
plenamente que o Governo tão pouco venha fazendo para minimizar os problemas da
segurança pública no país), assim como sou contrário a atos de humilhação como esse
a que o ladrão foi exposto (ainda que não concorde absolutamente com crime de roubo
ou de qualquer espécie), mas que direito tenho de cercear o direito de opinião
alheia quando eu mesmo expresso aqui o que penso?
A questão é recorrente. Na época das manifestações
populares generalizadas (sim, na época, pois já passou, o gigante dormiu...),
as redes sociais ficaram recheadas de intolerância. Os ‘mobilizados’ desciam a
lenha em quem se expressava contra – quem defendia o direito de ir pra rua
expressar sua indignação repreendia o direito do outro de discordar. Exemplo
vívido de intolerância. E é essa mesma intolerância que simboliza essa falsa
democracia e produz todos os preconceitos e desarmonias. Não aceitamos o
diferente. Não aceitamos o que destoa do que pensamos. Vivemos como se fôssemos
deuses na arte da crença. E, assim, só nos apequenamos diante dessas
demonstrações cabais de antidemocracia.
...
OBS.: não concorda comigo? Tudo bem...