Eis-me aqui, como sempre, desde que me entendo por gente. Meu olhar se cruza com o seu, em esquinas diversas, buscando sincronia, ainda que ambos perdidos em reflexos errantes.
Sou somente eu, ao contrário dos que me olham com desdém. O véu que me cobre é o da realidade que, por sua vez, se disfarça de fantasia, fazendo parecer fútil o que acaba me sendo de valia. Exponho-me em curvas perigosas e a rostos que podem ocultar inimigos e me arrojo pela iminente vontade de conseguir o que nunca tive.
Sou também cria tua. Aprendi a ser mais mesmo sendo vista com tanto menosprezo, ainda que em teus sonhos busques a mim, ainda que sejamos tão congruentes em nossas faces mais vãs. Por vezes me vesti de fantasias e ganhei vil realidade. Mesclada por teu sêmen de ignorâncias, vi-me animal frente à tua própria animosidade. E procurei seguir adiante.
Em cada esquina permaneço, noite após noite, provocando a ânsia dos que se atrevem a ter momentos de aceitação, que se entregam aos reprimidos devaneios, tão cuidadosamente ocultos na profundidade do ser. Eu sou o lar travestido, a companheira errante e o vício maldito. E me dou ao sexo para buscar dinheiro.
Sou língua, ânus e vagina, satisfazendo nossos vícios e necessidades. Carne na carne, com prazer ou não, dor e ilusão, unidos pelo que, talvez, possa ser saciável. E nesse ponto convergimos: necessidades diferentes que se cruzam para compor o que somos, tão simplesmente humanos, noite a noite, em becos, ruas e esquinas...
Fantasticamente humano.
ResponderExcluirCru e cruel.
Belo.
Pois é... Valeu, Geraldo!
ResponderExcluirAdorei. Tecido de muita realidade.
ResponderExcluirBjs / Continua...
Valeu, Luiza!
ResponderExcluirOlha, adorei teu jeito de escrever!!!
ResponderExcluirVoltarei mais vezes por aqui!
Bjo!
Beleza, Daíse!
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