segunda-feira, 14 de setembro de 2015


Era só a ferrugem do ócio a lhe corroer os nervos. Era só o fulgor do sol a afrontar-lhe da janela. Era só uma vontade de nada. Era só. Uma solidão que naquele dia doía. Uma vontade de ser sol para invadir janelas outras e derreter ferrugens alheias. Só vontade. Antiga. Empoeirada nas prateleiras de quem já nada era. E foi a lembrança do nada que ali era que a fez estremecer. Há dias em que é melhor nada ser. As horas caíram. Um laranja lhe acinzentou. Fitou o abrandar do sol. Fez-se vento. Imaginou-se mar. Virou areia...



* Fragmento que estará no novo livro de Sidney Nicéas, "Noite em Clara - um Romance (e uma Mulher) em Fragmentos.

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