domingo, 1 de junho de 2008

Liberdade


Quem não quer ser livre? Tem gente que não. Ontem, em Porto Alegre, um larápio decidiu invadir uma residência sem chamar atenção. Rumou pela chaminé, mas não conseguiu descer. Ficou entalado. E Foi preso.

Na Austrália, dois ladrões decidiram invadir uma casa quebrando o vidro da janela. Antes de adentrarem na residência, deram de cara com policiais que lá investigavam a denúncia de uma plantação de maconha. Os meliantes conseguiram fugir, mas foram presos dois dias depois.

Quem não quer ser livre? Tem gente que não gosta da liberdade (dos outros). Segundo uma pesquisa feita pela Associação Mundial de Jornais (WAN), nos últimos seis meses 28 jornalistas foram mortos no planeta. No Rio de Janeiro, jornalistas do periódico ‘O Dia’ foram seqüestrados e torturados quando faziam uma matéria numa favela. É a liberdade de imprensa refém da marginalidade.

Quem não quer ser livre? Eu quero! Por isso mesmo deixá-los-ei em total liberdade, como eu, para falar e fazer o que quiser - só não vão inventar de pular chaminés, invadir apartamentos, plantar maconha, torturar jornalistas...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

As Grades Existem

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As grades existem. Reais. Virtuais. Morais...
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Ontem, dois veículos de massa veicularam matérias que revelam o atraso nas nossas relações sociais. Mais, da incrível permanência, nos tempos atuais, do desrespeito à mulher.
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Na primeira, o Jornal do Commercio, ao comentar o lançamento do livro de uma ONG sobre o sexo feminino e a AIDS, revelou a situação de muitas mulheres infectadas pelos seus parceiros e que foram abandonadas, sofrendo com o desprezo. Num exemplo, mostrou o drama de uma que fora abusada pelo pai, abandonada aos 9 anos de idade, prostituída, contaminada, novamente abandonada, achincalhada, descartada.
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Na outra, o Jornal da Globo, numa seqüência de matérias sobre o sistema carcerário brasileiro, mostrou a dura situação de presidiárias que se envolveram com o tráfico de drogas - a maioria delas por influência do parceiro - e acabaram presas. Pior: engravidaram e deram à luz no cárcere, encontrando todas as dificuldades para apenas ser mãe - e os filhos, conseqüentemente, semivivos, semi-órfãos, semi-encarcerados.
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Dinheiro, aceitação, manipulação, prazer, dor, vergonha, desprezo, morte. A droga encarcera. A AIDS inflige. O preconceito priva. O abandono mata. E permanecemos nós viventes em mundos paralelos, entrecortados, como um condomínio mordaz repleto da miudeza que somos.
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As grades existem. Reais. Virtuais. Morais...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Palavras de Uma Mente Oca


Olho para mim mesmo e não encontro uma idéia sequer para aqui desenvolver. Fecho os olhos... Busco a escuridão iluminada que em meu âmago reside. Persisto. Nada... Minha incapacidade momentânea é inconteste.

Tento. Não apreendo idéia alguma, mas o pensamento não cessa. Vejo a sensação de vazio que aperta o meu peito, a lembrança amarga dos revezes de um dia atribulado, a frustração de não conseguir falar objetivamente através da escrita. Eita silêncio danado!

Inspiração é o que falta. A mim e, ao que tudo indica, a praticamente toda humanidade. A vida parece que se repete a cada dia, apesar de trazer em si a bênção do recomeço. O que será que anda faltando?

De onde estou, permaneço a me olhar. E, assim, parto emudecido de idéias, mas desejando momentos melhores - a mim e ao mundo sem inspiração que me rodeia. Adeus...

Duplo Sentido


Dia desses me peguei pensando no quão é rico o nosso contemporâneo mundo em duplo sentido. Senão vejamos:

O seringueiro vive tirando leite do pau.
O altruísta vive dando aos pobres.
A cozinheira detesta pó... mas vive cheirando as panelas.
O lenhador não pode ver um pau em pé.
O avicultor adora um pinto.
O gravador adora uma mídia virgem.
O fumante adora o tabaco.
O não-fumante D-E-T-E-S-T-A.
O verdureiro vive pegando na cenoura. E no pepino. E na macaxeira...
O padre adora tomar no caneco (vinho).
Já a freira não perde o hábito.
O orador vive com a boca no microfone.
O golfista vive metendo as bolas no buraco.
O meio-campista, no futebol, adora meter as bolas no atacante.
Já o zagueiro detesta enfiada por trás.
O taquista vive pegando no taco.
O político adora uma sacanagem.
A maioria da população come frango.
A minoria prefere VERdura.
O bombeiro trabalha pegando na mangueira.
O pipoqueiro, metendo a mão no saco.

Mundinho estranho esse, não? E eu me inspirando nele, já que não tinha idéia melhor para escrever. Vá lá entender!!!

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Enquanto o Mundo Explode


A Phoenix se foi. A gente, então, que se vire...

Diz a lenda que a fênix renasceu das próprias cinzas. Hoje, a Phoenix não mais está na Terra. Partiu assente para o planeta vermelho, numa bem sucedida missão da NASA. Talvez para tentar se refazer de outras ‘cinzas’, já que aqui o homem insiste em se destruir - o batismo da sonda espacial, assim, nunca foi tão apropriado.

Enquanto a sonda americana inicia sua exploração em Marte, aqui o homem permanece sugando o planeta. No Brasil, até os índios entraram na guerra. E empunharam suas armas para enfrentar a sede de ‘progresso’ do homem branco. (Brancos e índios... Em que época estamos, afinal?)

O passado invade o presente e o presente toca o futuro. O ser humano segue buscando outros mundos, mas sequer aprendeu a conviver em harmonia em seu próprio planeta. E com esse viver antagônico, me pergunto: aonde vamos parar?

A Phoenix se foi. A gente, então, que se vire...

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“Mas enquanto o mundo explode, nós dormimos no silêncio do bairro, fechando os olhos, mordendo os lábios... Sinto vontade de fazer muita coisa...” (Chico Science)

Cem Anos, Sem Nada

Cem vidas sem vida,
Cem letras sem escrita,
Cem palavras afônicas,
Sem corpo nem grafia.

Cem desejos reprimidos
Cem números, sem tabuada
Sem coragem, cem motivos
Cem anos, sem nada.

Cem... Sem...
O que tenho?
O que perco?
O que sou?



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O chão continua a tremer na China. Embora permaneça absorvendo vidas, a terra nos mostra a cada dia que nada nesse mundo é casual. E os efeitos das tremedeiras vão ecoando...

O resgate, na semana passada, de uma senhora de 100 anos de idade, surpreendeu. Os 11 dias de isolamento numa montanha não abalaram sua vitalidade. O leve sorriso no rosto enquanto era conduzida para os devidos cuidados médicos, pareceu revelar sabedoria: o valor à vida (quase ceifada) sobrepujando a perda dos bens materiais.

Cem anos de idade... A centenária senhora reviveu, ao que parece, consciente de que deixou para trás tudo aquilo que menos tinha valor na sua vida - a exemplo do que acontece quando se morre. Cem anos de vida, sem preocupações com a morte. E os efeitos das tremedeiras vão ecoando...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Eu Não Tenho Valor!



Ontem estive na Câmara Municipal do Recife, a trabalho, ocasião em que o prefeito João Paulo recebeu o título de Cidadão Recifense. Excetuando a bonita trajetória pessoal do homenageado, o que vi foi um ambiente ‘inflacionado’. O valor distorcido da maioria - que margeia o outro por interesses meramente mundanos - tornou o ambiente, aos meus olhos, sofrível.

É que tem gente que só dá ‘valor’ a quem tem ‘valor’. Mas, que ‘valor’ é esse que desvaloriza quem não o tem? Será que João Paulo teria tanta gente o ladeando se ainda fosse o cidadão pobre do Ibura?

Baseado nesse painel, não tenho dúvida em afirmar: eu não tenho valor! Não sou moeda corrente, ser contabilizável de acordo com a tendência do mercado. Eu não sou capital humano, nem poupança de alienado, muito menos montante monetário. Eu não tenho valor!

Assim, que ninguém venha a mim com esses interesses falsificados. Que venha pela pessoa que sou, pelas possíveis afinidades, por conta de coisa qualquer que não seja imbuída desse tipo de ‘valor’. Não for por esses meios, o risco de inflação será iminente - e a ‘bolsa de valores’ pode ‘quebrar’.

Valor... O que significa tê-lo? Vale a reflexão.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sustância


O mundo tem sede de justiça, mas onde estão os justos?
A sociedade tem fome de paz, mas onde estão os brandos e pacíficos?
O planeta clama pelo próprio equilíbrio, mas onde estão os seres humanos?

Dia desses escutei por acaso um ditado antigo: “Falar é fácil, cagar é sustância!” (a sabedoria popular é fantástica...). E esse singelo dito resume bem a habilidade humana de falar muito e fazer pouco.

Concordo! Por isso mesmo, não vou falar mais nada aqui nesse post. Vou continuar tentando fazer mais no dia-a-dia: ser mais justo com todos (principalmente com os que convivo), mais pacífico em minhas ações, mais equilibrado nas minhas escolhas, mais consciente do meu papel nesse planeta. Vou, sim, continuar tentando.

Chega de ‘cagar’! O negócio agora é ‘sustância’...

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Ei, pessoal! Olha a frescura, oxente! “Cagar” está no dicionário. “Sustância” também...

Rio

Rio...

Águas que me fazem
Expor os dentes.
Rio dos córregos
Que me margeiam.
Rio do riso cristalino.
Rio do rio
Que em mim percorre.

Rio...
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Tela do artista Siro Anton (reprodução)

Olho pro leito do imenso rio da vida e rio dos que pensam que suas águas são fragmentadas. Rio dos preconceitos. Rio da indiferença. Rio dos tolos que se acham melhores apenas porque vivem ‘mais pra lá’ do leito.

Ontem a Globo exibiu novo capítulo da novela das oito (?). Nele, um dos personagens saiu do Rio (de Janeiro) e viajou para Igarassu, em Pernambuco. Lá reencontrou sua mãe, vivente numa favela degradante (diferente da favela de ‘lá’, glamourosa, repleta de uma pobreza fashion - diferente da favela pernambucana, retratada com uma pobreza triste). Só esqueceram que o rio (da vida) é um só - e que aqui as águas também têm seus encantos.

Hoje, tive acesso a comentários de torcedores do Vasco (RJ) denegrindo os nordestinos (assim como fizeram torcedores do Palmeiras-SP e do Internacional-RS), por conta do confronto de logo mais com o Sport pela Copa do Brasil. ‘Rio dos tolos que se acham melhores apenas porque vivem ‘mais pra lá’ do leito’...

Rio da pobreza humana. Rio da desfaçatez. Rio do pretenso senso de poder. Rio desse rio pueril. Apenas rio...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O Tomate e o Caqui



O fruto e a fruta. Coisa linda a natureza...

Os tomates e os caquis são antigos companheiros de jornada. Desde os primórdios, descritos alegoricamente na Bíblia, eles tentam conviver em harmonia, cada qual com suas peculiares características. E, ao que parece, foi com o episódio da maçã que tudo se complicou...

De lá até aqui, muita coisa mudou. Os tomates danaram-se a desbravar o sexo oposto. Não satisfeitos com uma única fruta, pularam cercas, multiplicaram seus relacionamentos, enfim, subjugaram os caquis, inclusive, socialmente.

E os tempos continuaram mudando. Os caquis iniciaram uma revolução. Ganharam espaço, reivindicaram direitos, conquistaram liberdade, lutaram contra a discriminação. Daí iniciaram um processo de igualdade em relação aos tomates, só que nivelando tudo por baixo.

Ambos tornaram-se muito mais fúteis que livres. Disputam quem ‘come’ mais, quem bebe mais, quem ‘gréia’ mais. Aí a maçã, que nos primórdios balançou o coreto, voltou disfarçada de vírus. Tomates e caquis passaram a se contaminar irresponsavelmente. A promiscuidade teve um preço. E continua cobrando alto.

Hoje, essa relação permanece um tanto delicada, mas contundente. Tomates e caquis se multiplicam, se amam, se odeiam, se casam, se separam, se complementam. Enfim, constituem uma relação divina, cuja conseqüência é a continuidade da própria vida humana.

O fruto e a fruta. Coisa linda a natureza...

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Legendas: as fotos que ilustram esse post são verdadeiras: o tomate, imagem retirada da web; o caqui, foto clicada por Sérgio Gomes e enviada para mim - que furo erótico-editorial, hein Sérgio?

Português: Caqui é um fruto, substantivo masculino, embora eu o tenha chamado de fruta, associando-o ao sexo feminino. E daí? Esse caqui é ‘meu’ e eu trato ele como quiser, oras!

:)