sábado, 4 de setembro de 2010

Nada de Nadar em Nada

Não sair. Tirar férias. Eis que a mente um dia tornou-se algo fértil. Sobre mim pesam as palavras. Sobre a mesa pesam as toalhas. Sobremesas deixam-me com vontade de comer novamente.

Os gases comem o ar e penetram em minhas veias. O barulho corrompe o que vejo, sem deixar nenhum rastro que seja. Perturbo-me com o nada. Calo. Desligo. ‘Off’ é o que apenas quero. Nada de nadar em nada. Nada de zumbido agora. Zonzo, sinto minha cabeça mergulhar em mim, como um inseto rumo ao fim do dia.

Deixo rolar. Sinto rolar. Quero rolar. Rolo. Rolo como um rolo rolando na parede. Tinta para lá e para cá, expressando o branco que somos, enfeitando a casa como se fosse ela verdadeiramente nós. E os quartos? As salas? Os banheiros? A cozinha? Preciso arquitetar-me com maior tenacidade. Afinal, sou muito mais que estas belas paredes sem vida.

Perdi o fio. Sentado na poltrona deixo que todas as letras da minha mente invadam minhas mãos. Como numa teia, meus dedos articularam o máximo que pude. Houve perdas, sem dúvida. Mas quem não perde... Sempre?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Duas por Minuto

Isso mesmo: a cada minuto, pelo menos duas mulheres e/ou crianças são vendidas para fins de escravidão sexual. A maioria pobre, levada para a Europa, seduzida pela ilusão de uma vida melhor ou, no caso das crianças, sequestradas ou aliciadas.

Casos não faltam. Como a da Russa Oxana, 20 anos, seduzida por uma oferta de emprego na Europa e que se suicidou após 3 semanas, quando já não aguentava mais ser escravizada sexualmente por aqueles que a enganaram. Ou da pequena Amita, que viveu o terror dos 09 aos 14 anos de idade, vivente numa jaula para ser sodomizada diariamente por dezenas de homens – Amita morreu aos 14 anos após ser agredida violentamente.

Duas por minuto. Escravidão. Subjugo. Covardia. Brutalidade. Enquanto uma minoria “exercita” o lado mais sombrio do ser humano, a maioria permanece inerte.

Duas por minuto. É preciso agir...

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Para ajuda on-line e maiores informações:

https://secure.avaaz.org/po/fight_rape_trade/?cl=524965312&v=5744

https://secure.avaaz.org/po/russia_rape_trade_putin/?r=act

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Da Frase, a Reflexão - Parte 1

“O sábio olha todo mundo como seu mestre. O ignorante considera todo mundo como seu inimigo”. (Atreya)

O mundo dos ignorantes. Eis onde vivemos. Os poucos sábios que por aqui passaram sempre deixaram a mesma mensagem. E, absortos em nossa ignorância, seguimos. Mas, pra onde realmente estamos indo? Vale a reflexão...

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Morte, Intolerância e Pequenez

A cada dia, os ponteiros do relógio parecem acelerar, trazendo a impressão de que estamos chegando realmente ao fim. Teoria apocalíptica? Não...

O mundo ferve num caldeirão de intolerância. De um lado, a água invade o território paquistanês, deixando milhares de mortos e milhões de desabrigados e desalojados, enquanto a ONU patina para conseguir dinheiro das nações mais abastadas. Doutro, os ciganos sofrem sem o direito de ir e vir na Europa, especialmente na França, começando a ser ‘repatriados’. Na Alemanha os javalis, alvos da caça humana, estão contaminados pela radioatividade, o que anda ‘prejudicando’ os caçadores e industriais da carne.

Na Espanha, um touro foi abatido logo após enfrentar uma multidão e ferir dezenas de pessoas que se ‘divertiam’ numa tourada. E nos Estados Unidos, uma funcionária de um restaurante na Disney foi ameaçada de demissão apenas por ter usado o hijab (véu islâmico) no dia do Ramadão.

Paquistaneses são seres humanos e merecem nossa ajuda e atenção - ainda que o país seja instável pelas questões atômicas. Ciganos são seres humanos e têm direito a liberdade - ainda que vivam de modo próprio. Javalis e touros são seres vivos e precisam da nossa fraternidade - ainda que muitos os vejam como meras peças descartáveis de diversão e consumo. E Muçulmanos são, antes de tudo, humanos, independentemente de suas culturas e tradições.

Aqui se chega. Aqui se vive. Aqui se vai. O ser humano ainda não entendeu que tudo nesse planeta é passageiro e “emprestado” a cada um de nós. E a Terra, que deveria ser um habitat de paz sem fronteiras, vai girando cada vez mais veloz, como que numa avidez por se livrar dessa amiudada raça humana.

A cada dia, os ponteiros do relógio parecem acelerar, trazendo a impressão de que estamos chegando realmente ao fim. Teoria apocalíptica? Não...

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Em tempo: faça uma doação para as vítimas paquistanesas através da Avaaz. Clique abaixo para doar...

https://secure.avaaz.org/po/pakistan_relief_fund/?cl=712633811&v=6984

domingo, 15 de agosto de 2010

Fracasso!

O que resulta do medo? Do equívoco consciente (ou não)? Da teimosia que inibe a ousadia de tentar outra vez? Às vezes, da própria incapacidade de mudar?

O fracasso. Este que denota derrota e que camufla a força interior - sempre vitoriosa. Este que, na verdade, nem existe. Que é apenas um estágio momentâneo e necessário para mostrar que o caminho percorrido era inadequado ou que foi feito de forma equivocada.

A sensação de derrota, contudo, se esvai quando o indivíduo faz valer uma lei universal infalível: a renovação. Negar-se a chance do recomeço, seja em que esfera for, é a afirmação ilusória do fracasso.

Perpetuar isso é negar todas as possibilidades de vitória e sucesso, mesmo quando já se tentou tantas vezes. É valorizar mais os erros que os acertos. É, enfim, não se permitir novos horizontes - mesmo em terrenos já percorridos.

Coragem! Vamos em frente!

“A gente não é super herói nem super fracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso”. (Roberto Shinyashiki)


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OBS.: você deve estar se perguntando do porque da imagem que ilustra este post. A foto revela o quanto somos miúdos nesse vasto universo. Por isso mesmo, fica o recado: não desperdicemos o nosso breve tempo neste plano desistindo do êxito. Persistir é preciso...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Meu Breve Tempo Infinito

Vivo como o tempo.

Vivencio o hoje

Tal como o ontem,

Tal como o amanhã.


Vivi esse mesmo hoje

Como jamais antes vivi,

Como jamais viverei...

Apenas vivi.


Viverei meus ‘hoje’

Como sempre quis,

No andar, morrer, crescer,

No tentar ser feliz.


Como o tempo

Viajo mudando os passos

Sem, no entanto, mudar o rumo,

Somente a andar,

Somente a viver.


Sei quem sou,

Quem fui e quem serei;

Passado no presente,

Presente no futuro,

Um tempo que somente eu sei.


E com meu breve tempo infinito

Partirei sem ausência,

Ficarei na essência,

Somente como o tempo eu serei:

Passado, presente, futuro...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Corrida e o Paradoxo de Viver

A verdade não existe. Tudo no universo é uma questão de ponto de vista. A vida e todas as suas fases, a morte, o mistério de apenas ser... Há de se explicar o paradoxo de estar vivo, mas nada atenua minha ânsia por explicações.

Eu sou um mistério. Vagam em mim todas as respostas, mas permaneço tentando encontrá-las. Cada etapa percorrida traz-me à tona em todas as minhas ambiguidades. Minhas verdades não são verazes, apenas me impulsionam a específicos pontos de vista, estreitos olhares baseados no meu ínfimo conhecimento do que é real. E embora procure sempre sorrir com pormenores, vivo focado em mim mesmo sob esse mistério chamado realidade.

A história continua. Vejo-me rodeado por questões ambíguas e não hesito em me deixar levar pelas minhas próprias divagações. Como um piloto de corridas desafio-me a todo instante, sem esquecer de como tudo começou. Regrido e vejo as engrenagens funcionando. A máquina está pronta. Na partida, adentro com entusiasmo e ponho-me a correr. Tornamo-nos – eu e a máquina –, apenas um. E, uma vez fundido, não encontro maneiras de voltar.

A quilometragem vai se multiplicando, projetando-me em situações diversas. Cada etapa percorrida parece-me fácil, ainda que tenha encontrado inúmeros obstáculos pelo caminho. Envolvo-me em acidentes. Chego a me perder em algumas etapas por descuidos inocentes. Bato de frente comigo mesmo e com outrem. Acumulo hematomas, cicatrizes e, principalmente, aprendizado... Mas a corrida não acabou.

Segui e ainda sigo, eu e minha máquina, persistentes, virando 365 curvas para cumprir cada etapa. Cada curva, assim, é um desafio contumaz para a conquista final. E quem serão os vencedores? Os que chegarem à frente ou os que conseguirem apenas chegar? A corrida continua...

Assim é o tempo: para uns, remédio; para outros, impiedoso destruidor de sonhos; para muitos, simples armadilha necessária para o viver. Eu sou tu. Tu e eu também somos nós. Eis aí o nosso mistério mais próximo e ao mesmo tempo mais inatingível: nascer, crescer, envelhecer, morrer... O que é a vida afinal, além desse intrigante paradoxo?

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Dor do Mundo em Mim

Eu sinto a dor do mundo em mim - afinal, também sou parte dele...

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A queda dos que acreditam que detém "poder" apenas porque possuem fama e dinheiro.



A violência daqueles que não sabem controlar as próprias emoções.


O extermínio de seres inocentes, não humanos, apenas para saciar os próprios desejos inconsequentes.


O preconceito por conta de uma miopia moral coletiva.


A desigualdade social, fruto de um individualismo danoso.


O culto à imagem, que distorce os reais objetivos do viver.



E as catástrofes se acentuam.


E os humanos, tão absolutos, sucumbem ante a grandeza do universo.


E as crianças crescem cada vez menos infantis.


E os adultos projetam-se num canibalismo social cada vez mais pungente.


E as mortes cruéis vão deixando a vida sem valor.


E a humanidade permanece sofrendo - até "o dia depois de amanhã".


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Eu sinto a dor do mundo em mim - afinal, também sou parte dele...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dom Hélder, os Mortos e os Vivos

Dom Hélder Câmara não morreu! Eis a constatação tardia de muitos religiosos, especialmente após a publicação do seu mais novo livro, intitulado “Novas Utopias”. E Dom Hélder realmente não morreu - afinal, quem morre?

O lançamento do livro não é mais novidade. O fato de a obra ser uma psicografia, também não. Contudo, conferir as extraordinárias ideias desse espírito fabuloso após sua partida deste plano de vida causou reboliço em parte da Igreja Católica. Comunicação entre os mortos e os vivos? E a doutrina católica? Como fica?

O próprio Dom Hélder traz luz ao tema, num trecho de uma entrevista feita pelo médium Carlos Pereira (que psicografou a obra): “A nossa Igreja (Católica), por si só, já prega a existência da vida após a morte. Logo, fazermos contato com o plano físico depois da morte seria uma consequência natural”.

Pois é. Não existe mistério. Os mortos e os vivos não passam de ser, ambos, viventes. Não importa a religião, a cor, o status social. Todos partem daqui e retornam à verdadeira moradia. E a vida continua. “Ao deixar a existência no corpo físico, continuo como padre porque penso e ajo como padre. Minha convicção à Igreja Católica permanece a mesma, ampliada, é claro, com os ensinamentos que aqui recebo”, reforça Dom Hélder.

O livro, apesar das controvérsias, vem para ajudar a reduzir o preconceito religioso. “Não há divisão entre espíritas e católicos no seio do Senhor”, complementa o Dom da paz. O monge beneditino e teólogo Marcelo Barros, que secretariou Dom Hélder por muitos anos e foi responsável pelo prefácio da obra, também deixa claro esse ponto de vista ao reconhecer a autenticidade do comunicante e a originalidade das ideias (sem falar que a própria igreja aceitou ficar com metade dos direitos autorais do livro, através do Instituto Dom Hélder Câmara – a outra metade foi doada à Sociedade Espírita Ermance Dufaux, em Minas Gerais).

Alheio a essas possíveis controvérsias, Dom Hélder deixa no final da entrevista uma mensagem única e verdadeira, que, com simplicidade, faz cair qualquer rótulo ou preconceito: “Amem (...) O amor, conforme nos ensinou o Nosso Senhor Jesus Cristo, é a grande mola salvadora da humanidade (...) Não há outra mensagem a deixar senão a do amor”.

Falar de amor num planeta onde reina o ódio parece paradoxal. Mas as coisas são mesmo assim. Amor e ódio, espíritas e católicos, mortos e vivos... A dualidade no mundo é intransigente. O complexo social vivente aponta tão somente para as divisões, para as limitações, para os opostos. Essa é a dimensão que ainda nos abriga – e aonde somente o amor irá, com o tempo, modificar esse quadro atual.

O véu do desconhecido, contudo, anda caindo e obrigando todos a reverem certos conceitos. Já estava na hora, não?

terça-feira, 29 de junho de 2010

Caos Digital


Sorria... Você está sendo filmado.
Somos todos monitorados nesse mundo das ilusões.
Você é o número do CPF.
A senha do banco.
A identidade.
O contra-cheque.
O número do cartão.

A sua realidade é virtual.
Microcâmera, microfone, satélite.
Vírus, disco rígido, spyware.
Biorrede, nanotecnologia, telescópio.
Luneta, olho nu, binóculo.

Seu nome são números camuflados.
Você é um e-mail constantemente acessado.
Orkut, Messenger, you tube.
Paparazzi, voyeur, a fofoqueira de plantão.
GPS, celular, onda de rádio.
A fechadura da porta.
A máquina digital – vídeo e foto sempre à mão.

A sua cabeça é a Internet.
Você é apenas um código nesse caos digital.
Corpo são, mente sã, tudo sempre conectado.
Por isso não adianta se esconder...
Você está sendo filmado...