quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Descaso Continua...

Flagrante dos funcionários do Extrabom, que só têm
as calçadas para o descanso do trabalho
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Esse é só um registro: continua o descaso do Extrabom com seus funcionários (vide post 'Crescimento Insustentável'). E estes continuam almoçando e 'descansando' nas calçadas da rua São Vicente, na Tamarineira. Recentemente o estabelecimento ampliou sua área interna, mas até agora nada fez para tratar com decência seus colaboradores. Estamos de olho, acompanhando esse lastimável 'crescimento insustentável'...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Consciência (?) Negra


Sexta-feira, 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. Na verdade, um dia negro para fazer despertar a consciência.

Explico.

Dia negro, pois muitos municípios estão decretando feriado ou ponto facultativo, como se não bastassem tantos feriados no ano. Também, pela (ainda) inexplicável 'divisão' racial das pessoas (além de outras inúmeras existentes), justificando a data. Ainda, e já se conectando com a questão da consciência, uma ocasião que seria desnecessária não fosse a ignorância humana.

Consciência. Olho para os lados e não a encontro. A racial, então, ainda engatinha, mesmo com a lei a seu favor. Por isso essa sexta-feira é, sim, negra. O negro que simboliza a nossa raça. Que representa a luta. Enfim, o negro que define a cor da ‘nossa’ ignorância social.

O negro que há em mim se agita. Eis o meu dia...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

'Estelionato Poético'


Quando Luiz Gonzaga e seus grandes parceiros, Humberto Teixeira e Zé Dantas criaram o forró, não imaginavam que depois de suas mortes essas bandas que hoje se multiplicam pelo Brasil praticassem um estelionato poético ao usarem o nome forró para a música que fazem. O que esses conjuntos musicais praticam não é forró! (...) E se apresentam como bandas de “forró eletrônico”! Na verdade, Elba Ramalho e o próprio Gonzaga já faziam o verdadeiro forró eletrônico, de qualidade, nos anos 80”.
(Anselmo Alves)

O povo gosta de ser lesado. A maioria. Eu não. Uma multidão de gente que não se importa com a qualidade do que ouve. Que não se incomoda com o baixo nível das músicas que abarrotam as esquinas da cidade. Que é conivente com o estupro que o mercado fonográfico praticou contra um dos maiores ícones da nossa cultura: o forró.

Estupro? Sim. Ou talvez, para ser mais polido (mas não menos incisivo), plagiando o termo muito bem alcunhado por Anselmo Alves (autor do trecho reproduzido acima), ‘estelionato poético’. Roubaram a nomenclatura e estupraram o estilo (olha que esse termo cai bem...). Vulgarizaram as letras. Empobreceram o ritmo. Transformaram a originalidade do forró num quase brega de batidas repetitivas, reduzindo a outrora poética riqueza regional num aglomerado de frases apelativas.

Esse mal rotulado ‘forró’ passou a seguir caminho diferente daquele estilo originário marcante. Mulheres seminuas explicitam as letras no palco. O machismo impera nas ‘mensagens’ deflagradas nas músicas. A ‘gréia’ se sobressaiu ao lirismo. E o resultado é esse mar de pobreza, que vem deixando pérolas como “quem vai querer a minha piriquita”, ou “você pede e eu te dou lapada na rachada”, cantadas como um ‘mantra’ pobre e chulo.

Um ritmo como o autêntico forró merecia uma evolução, não esse retrocesso, impulsionado pela ânsia do mercado em ganhar dinheiro e movido pela ignorância cultural da maioria. Existe uma geração de forrozeiros que permanece fiel às origens, contudo, talvez ande faltando mais criatividade (e vontade comercial) para retomar a grandeza de outrora sob nova (e decente) roupagem. Talvez.

Para mostrar que esse tom crítico nada tem de intransigente, reproduzo novamente as palavras de Anselmo Alves, fazendo das palavras dele as minhas:

Da dança da garrafa de Carla Perez até os dias de hoje formou-se uma geração que se acostumou com o lixo musical! Não, meus amigos: não é conservadorismo, nem saudosismo! Mas não é possível o novo sem os alicerces do velho! Que o digam Chico Science e o Cordel do Fogo Encantado que, inspirados nas nossas matrizes musicais, criaram um novo som para o mundo! Não é possível qualidade de vida plena com mediocridade cultural, intolerância, incitamento à violência sexual e ao alcoolismo! (...) Eu quero meu sertão de volta!

E se alguém anda alheio a tudo isso, deixo link para um vídeo que muito bem reforça o que foi aqui abordado. É só clicar e conferir uma ‘pérola’ dessa baixaria musical. Uma lástima...

http://www.youtube.com/watch?v=yr-IQVQQHuA
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terça-feira, 27 de outubro de 2009

[videoblog] Quem Não Pode Trabalhar?

Segue abaixo um vídeo que recebi recentemente do amigo Paulo Carvalho. Assistindo-o, a gente fica se perguntando sobre a relação entre pobreza e oportunidade. Mais ainda, sobre a busca pelo dinheiro fácil à revelia do suor da labuta (inevitável lembrar de boa parte dos pedintes e da classe política). Assistam e comentem...

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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O Fim do Futebol Pernambucano

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Não se trata de momento. Não é a atual situação precária de Sport e Náutico no Campeonato Brasileiro, nem do Santa Cruz no cenário nacional. Muito menos qualquer fato adverso dentro das quatro linhas. A questão está nas arquibancadas.

Ontem (domingo 18), na Ilha do Retiro, ocasião do confronto entre Sport e Corinthians, uma faixa estendida nas arquibancadas me levou a uma lastimável constatação: o futebol pernambucano está acabando – não o esporte praticado no Estado, mas o prestígio dos nossos clubes ante seus conterrâneos.

A faixa: “Recifiel”. Segurada por mãos pernambucanas, alusiva ao clube paulista. Uma prova inconteste de que algo não anda bem na organização da modalidade em Pernambuco. Estamos sendo ‘sugados’ pela ‘força’ da mídia do Sul-Sudeste. Perdendo terreno para as parabólicas (especialmente no interior) e nos submetendo aos merchandisings insistentes da mídia ‘nacional’ em toda programação (especialmente a televisiva, que também se diz ‘nacional’). Agora, até o Recife, outrora imune a essa interferência, está cedendo.

Quando olhei para aqueles pobres torcedores ‘infiéis’ que integravam a torcida adversária, mirei os milhares de rubro-negros que ocupavam a maioria dos espaços na Ilha – esses, sim, fiéis. Lembrei dos alvirrubros que permanecem firmes apoiando seu clube. Também, dos tricolores que não deixam a peteca cair, mesmo diante de tantos revezes. E senti um leve vento da esperança bater em minha face: é possível retomar a força da nossa torcida?
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É. Todavia, enquanto os clubes, a Federação Pernambucana e a imprensa não se unirem efetivamente em torno do fortalecimento do futebol no Estado, a situação somente piorará. Ao invés dos gritos de “paraibacas”, antes constantes em nossos estádios como provocação àqueles irmãos nordestinos sem raiz com a própria terra, ouviremos os gritos de “pernambabacas”, revelando de vez a nossa subserviência cultural. Aí, sim, lamentavelmente, terá sido o fim do futebol pernambucano.
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quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quem é Normal?

Especial Trânsito - Parte 3
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Tomando o trânsito como uma extensão da vida humana, reflete ele uma insanidade coletiva. A mesma que impele as pessoas a mostrar uma agressividade injustificável, a cometer atos bárbaros impensáveis, a fazer das ruas um ambiente hostil. E a convivência nas vias brasileiras reúne tipos distintos de cidadãos.

Além dos ‘flanelinhas públicos’ (ver Parte 1: Os Donos da Rua) e os agentes de trânsito (ver Parte 2: A Indústria da Multa), há os motoristas comportados e bem intencionados (que, claro, vez por outra cometem infrações); os apressados e estressados, que comumente infringem leis de trânsito em nome dos seus urgentes afazeres; os estúpidos e agressivos, capazes de cometer as maiores barbaridades e, ainda por cima, usar da violência para ‘resolver’ seus embaraços; também, os irresponsáveis e imaturos, que fazem do trânsito extensão dos seus mundinhos vagos.

Também, há os pedestres atentos, os desavisados e os estúpidos. Os motoqueiros iludidos numa sensação de ‘liberdade plena’. Os taxistas que acreditam não precisar de ‘reciclagem’. Os motoristas de ônibus que acreditam estar no ‘topo da cadeia automotiva’. Enfim. Todos eles (incluindo outros tipos não citados) compõem, sem dúvida, um universo caótico que movimenta as nossas vias de trânsito.

As ruas como extensão da vida comum. O caos oriundo do caos. Um circo deplorável, composto por uma ala de loucos em canibalismo pleno, promovendo uma ‘corrida maluca’ no cotidiano das cidades brasileiras e me fazendo questionar: quem realmente é normal?
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PS: dia 22 de setembro último foi ‘celebrado’ o Dia Nacional sem carros. Tirem suas conclusões...
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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Honestidade do Brasileiro


Dia desses conversava com um colega de futebol. O assunto, a corrupção na política brasileira. Quase todo mundo metendo a mão no dinheiro do povo, desviando verbas, fraudando licitações. Políticos oriundos das mais diversas camadas sociais, distorcidos pelo mal maior da humanidade: a falta de moral.

Em dado momento, meu interlocutor se saiu com essa: “A gente fala, fala... Mas se fosse contigo tu não metia a mão no dinheiro também não?”. Minha resposta: “Não. Se todo mundo fizer isso, quando a situação vai mudar?”. Ele riu. E complementou: “Pois eu tirava o meu sim! Todo mundo faz. E eu não sou trouxa!”.

Ontem, fui num armazém comprar alguns materiais. Na saída, pedi a ajuda de um funcionário para colocar umas telhas no carro. Abri a mala e, ao me virar, percebi que o homem pegou uma bandeirola (que meu filho esquecera no veículo) e só não enrolou e botou no bolso porque me virei abruptamente. Evitei um furto, mas, infelizmente, nada pude fazer quanto ao caráter do rapaz.

Ser indiretamente chamado de trouxa pelo meu colega de futebol em nada me afetou. Perder a bandeirola também não me afetaria. Entretanto, saber que as pessoas insistem em pensar (e agir) dessa forma, sim – embora isso não seja lá grande novidade. Gente trabalhadora, mas que não se sente inibida em roubar (se apossar do que não é seu). Que ignora os verdadeiros valores que formam um cidadão. Que desaprenderam a respeitar o próximo.

Os maus exemplos das figuras públicas se multiplicam. A impunidade afrouxa tudo. O escracho se perpetua. Essas coisas me deixam pensando na honestidade do brasileiro – especialmente, na falta dela. E fico me perguntando: quando isso terá fim?

É... Acho que somente um trouxa como eu para me preocupar isso...
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Terra de Ninguém

Não estamos sozinhos no universo.
Não somos donos do mundo.
Aqui apenas estamos...


E eis que a natureza amplifica sua revolta, a lei do retorno implacável: Samoa destruída por um tsunami; Filipinas devastada por um tufão; Indonésia revirada por um terremoto; Califórnia (EUA) chamuscada por incêndios florestais.

E a vida continua tensa: Honduras dividida por um golpe de estado; descarrilamento de trem matando e ferindo dezenas na Tailândia; chuvas castigando a Índia; a violência urbana atormentando o cidadão no Brasil.

E eis que o dia amanheceu, a tarde chegou e a noite vem vindo. O tempo segue. A natureza permanece a ensinar. E o ser humano continua teimando em acreditar que essa é a Terra de ninguém.



Não estamos sozinhos no universo.
Não somos donos do mundo.
Aqui apenas estamos...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tempestade

Nuvens na cabeça,
Trovões na mente,
Raios no coração:

Chovi em lágrimas...



Enquanto o mundo se desfaz nas mãos da própria humanidade, desfaço-me numa tempestade que me deixa um tanto inerte, sem saber mais o que fazer. De gota em gota, sigo tentando cumprir o que me cabe – único consolo em dias tão sombrios...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Turva Nuvem do Hoje


Acordei com a vista embaçada. Esfreguei os olhos na ânsia de apenas ver. Em vão. Contudo, não são os meus olhos foco da questão. Basta um olhar pra vida cotidiana do Recife para a turva nuvem do hoje provocar imensa irritação.

A penumbra feminina, cada vez mais presente na criminalidade, especialmente no tráfico de drogas. A poluição do crime organizado, fazendo cidadãos de reféns em suas próprias residências. A escuridão da irresponsabilidade, colocando vidas em perigo, fazendo com que prédios corram risco iminente de desabamento. A conflituosa opção da greve, trazendo um pretume nas relações comerciais e contaminando a vida da população – ainda que compostas por justas reivindicações.

Não bastasse essa escuridão (parte mínima do 'todo' escuro), até o majestoso Rio Capibaribe, já tão enegrecido pelo lixo e dejetos da ‘cidade maurícia’, foi ‘invadido’ por dois jacarés - talvez atraídos por tamanha atividade sombria -, que se embrenharam por dentro de uma área de mangue – algo inusitado em dias tão turvos.

Continuo tentando enxergar. Olho para cima e sinto a força do sol, que voltou a brilhar. E só me resta lamentar que seus fúlgidos raios estejam inibidos pela turva nuvem do hoje. Com os olhos ainda embaçados, permaneço tentando reencontrar a visão...