Só se fala nisso. O povo brasileiro
(aliás, parte dele) sai às ruas para protestar. Manifestações nas principais
cidades do país revelam que, ao que parece, os brasileiros estão aprendendo a
sair da passividade. A cobrar por justiça, igualdade e transparência. O preço
das passagens de ônibus, os altos valores gastos para as Copas (das
Confederações e do Mundo), o custo social, enfim, questões prementes reunidas numa
voz coletiva a exigir do Estado o cumprimento do seu papel (tão relegado pelas
mais diversas razões).
Deixemos de lado as hipocrisias de
alguns tantos – que pagam pra ver os jogos da mesma Copa que protestam; que nem
andam de ônibus e vivem alheios à dura realidade de quem utiliza transporte
público; que votam e sequer se lembram em quem votaram; que reclamam dos
impostos e da inflação, mas não se eximem de encher a cara nos finais de
semana, pagando caro pelo álcool consumido; enfim, que criticam determinadas
emissoras, mas não perdem o final da novela preferida. Deixemos isso de lado.
Miremos na natureza do momento. Na importância de protestar e exercer, assim,
uma voz social ativa – e exercer isso em nada diminui qualquer ser humano,
muito pelo contrário.
As ruas viram, então, palco desses
protestos. E os fins pacíficos acabam burlados por alguns. E a legitimidade do
pleito fica manchada por conta da violência, tanto pelos excessos desses poucos
arruaceiros, quanto pela falta de habilidade das polícias em garantir a
democracia (sim, usar da violência como pretexto para perturbar a ordem soa tão
paradoxal quanto depredar o patrimônio que é de todos – infantilidade plena).
Se não quero corruptos no poder, por que corromperei as manifestações com
desordem? Se me queixo da violência cotidiana, por que ser violento na hora de
fazer valer a minha voz?
Tais atos não apagam a natureza do
momento. A voz coletiva é, sim, legítima. E os protestos vão se repetindo e se
alastrando. Os gritos unidos começam a ecoar pelo planeta. A Presidente (isso
mesmo, “presidenta” não existe na língua portuguesa – e isso nada tem a ver com
machismo ou feminismo!) diz que protestar é um direito democrático. Obviedade que
remete a uma questão: será que toda essa mobilização está sendo mesmo levada a
sério pelos nossos governantes? Quais artifícios estão sendo moldados pelos
marqueteiros políticos para tentar dobrar os efeitos desse momento? Passada a
onda, o brasileiro permanecerá realçando esse coro coletivo no cotidiano?
Independente de qualquer questionamento,
o reboliço está feito. O clamor coletivo ecoa alheio a quaisquer questões. E,
reforce-se, que não fique restrito apenas ao período de competições no país.
Que o povo proteste nas eleições, nas votações absurdas dos parlamentares
(especialmente naquelas em que ampliam suas regalias), nas absurdas cobranças
tributárias, nos escândalos de corrupção que mancham a nossa pátria mãe gentil –
gentil, mas não idiota!
A indignação invade as ruas. Pelas
redes sociais, o sentimento de protesto se alastra. A indignação invade os
lares (nem todos podem ou precisam ir às ruas). E chega até mim. Sim. Dentro de
mim também reverbera um sem número de manifestações. E não somente pelas
questões alusivas ao país e ao mundo em que vivo, mas também pelas coisas que
se referem a mim mesmo – afinal, de que adianta externar uma indignação por
coisas que, dentro de nós, não têm combate? De que adianta cobrar do outro o
que não fazemos no dia a dia?
Sim, é preciso unificar a nossa voz
pessoal com a coletiva. Ser a mudança que queremos ver. Aí, quem sabe,
consigamos mesmo atingir um nível ideal de transformações. Até lá, contudo,
vamos engrossando o coro coletivo e, nesse processo, tentando nos transformar
junto com a realidade que nos cerca (e da qual somos mesmo responsáveis). Um
dia chegaremos lá...
É isso aí, amigo. Já estava mais do que na hora do brasileiro deixar de ser omisso, deixar de baixar a cabeça para tudo que essa tralha de corruptos miseráveis decide, agora,protestar é uma coisa, sair saqueando e depredando prédios públicos é outra coisa. Bjs pra ti, meu guru!
ResponderExcluirCaríssimo irmão:
ResponderExcluirSidney.
Cara, vc como sempre revestido de uma sensibilidade notável.
Esta nossa passividade parece começar a entrar em nova era e uma e uma boa era.
Não a violência física e sim a democracia verdadeira.
Paz e bem.
Ramon. (AABB)
Vamos ver no que vai dar, não hoje pra e pra você, pra quem deixaremos um mundo melhor. Participei e espero.
ResponderExcluirExcelente artigo , Sidney.Dentre muitos itens por você mencionados, está a nossa responsabilidade em tornar concreta nossa indignação demonstrada nas ruas ou na internet quando ,em 2014, formos escolher nossos representantes no Executivo e Legislativo.Se nós , cidadãos e cidadãs, quisermos contribuir para mudar , pelos menos em parte, esta situação que tanto criticamos, poderemos eleger quem , através de exame criterioso de nossa parte, for apto a nos representar.Itamar
ResponderExcluirObrigado caros Zezé, Ramon, Roberta e Itamar... ;)
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