quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Quem é Normal?

Especial Trânsito - Parte 3
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Tomando o trânsito como uma extensão da vida humana, reflete ele uma insanidade coletiva. A mesma que impele as pessoas a mostrar uma agressividade injustificável, a cometer atos bárbaros impensáveis, a fazer das ruas um ambiente hostil. E a convivência nas vias brasileiras reúne tipos distintos de cidadãos.

Além dos ‘flanelinhas públicos’ (ver Parte 1: Os Donos da Rua) e os agentes de trânsito (ver Parte 2: A Indústria da Multa), há os motoristas comportados e bem intencionados (que, claro, vez por outra cometem infrações); os apressados e estressados, que comumente infringem leis de trânsito em nome dos seus urgentes afazeres; os estúpidos e agressivos, capazes de cometer as maiores barbaridades e, ainda por cima, usar da violência para ‘resolver’ seus embaraços; também, os irresponsáveis e imaturos, que fazem do trânsito extensão dos seus mundinhos vagos.

Também, há os pedestres atentos, os desavisados e os estúpidos. Os motoqueiros iludidos numa sensação de ‘liberdade plena’. Os taxistas que acreditam não precisar de ‘reciclagem’. Os motoristas de ônibus que acreditam estar no ‘topo da cadeia automotiva’. Enfim. Todos eles (incluindo outros tipos não citados) compõem, sem dúvida, um universo caótico que movimenta as nossas vias de trânsito.

As ruas como extensão da vida comum. O caos oriundo do caos. Um circo deplorável, composto por uma ala de loucos em canibalismo pleno, promovendo uma ‘corrida maluca’ no cotidiano das cidades brasileiras e me fazendo questionar: quem realmente é normal?
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PS: dia 22 de setembro último foi ‘celebrado’ o Dia Nacional sem carros. Tirem suas conclusões...
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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A Honestidade do Brasileiro


Dia desses conversava com um colega de futebol. O assunto, a corrupção na política brasileira. Quase todo mundo metendo a mão no dinheiro do povo, desviando verbas, fraudando licitações. Políticos oriundos das mais diversas camadas sociais, distorcidos pelo mal maior da humanidade: a falta de moral.

Em dado momento, meu interlocutor se saiu com essa: “A gente fala, fala... Mas se fosse contigo tu não metia a mão no dinheiro também não?”. Minha resposta: “Não. Se todo mundo fizer isso, quando a situação vai mudar?”. Ele riu. E complementou: “Pois eu tirava o meu sim! Todo mundo faz. E eu não sou trouxa!”.

Ontem, fui num armazém comprar alguns materiais. Na saída, pedi a ajuda de um funcionário para colocar umas telhas no carro. Abri a mala e, ao me virar, percebi que o homem pegou uma bandeirola (que meu filho esquecera no veículo) e só não enrolou e botou no bolso porque me virei abruptamente. Evitei um furto, mas, infelizmente, nada pude fazer quanto ao caráter do rapaz.

Ser indiretamente chamado de trouxa pelo meu colega de futebol em nada me afetou. Perder a bandeirola também não me afetaria. Entretanto, saber que as pessoas insistem em pensar (e agir) dessa forma, sim – embora isso não seja lá grande novidade. Gente trabalhadora, mas que não se sente inibida em roubar (se apossar do que não é seu). Que ignora os verdadeiros valores que formam um cidadão. Que desaprenderam a respeitar o próximo.

Os maus exemplos das figuras públicas se multiplicam. A impunidade afrouxa tudo. O escracho se perpetua. Essas coisas me deixam pensando na honestidade do brasileiro – especialmente, na falta dela. E fico me perguntando: quando isso terá fim?

É... Acho que somente um trouxa como eu para me preocupar isso...
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Terra de Ninguém

Não estamos sozinhos no universo.
Não somos donos do mundo.
Aqui apenas estamos...


E eis que a natureza amplifica sua revolta, a lei do retorno implacável: Samoa destruída por um tsunami; Filipinas devastada por um tufão; Indonésia revirada por um terremoto; Califórnia (EUA) chamuscada por incêndios florestais.

E a vida continua tensa: Honduras dividida por um golpe de estado; descarrilamento de trem matando e ferindo dezenas na Tailândia; chuvas castigando a Índia; a violência urbana atormentando o cidadão no Brasil.

E eis que o dia amanheceu, a tarde chegou e a noite vem vindo. O tempo segue. A natureza permanece a ensinar. E o ser humano continua teimando em acreditar que essa é a Terra de ninguém.



Não estamos sozinhos no universo.
Não somos donos do mundo.
Aqui apenas estamos...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tempestade

Nuvens na cabeça,
Trovões na mente,
Raios no coração:

Chovi em lágrimas...



Enquanto o mundo se desfaz nas mãos da própria humanidade, desfaço-me numa tempestade que me deixa um tanto inerte, sem saber mais o que fazer. De gota em gota, sigo tentando cumprir o que me cabe – único consolo em dias tão sombrios...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A Turva Nuvem do Hoje


Acordei com a vista embaçada. Esfreguei os olhos na ânsia de apenas ver. Em vão. Contudo, não são os meus olhos foco da questão. Basta um olhar pra vida cotidiana do Recife para a turva nuvem do hoje provocar imensa irritação.

A penumbra feminina, cada vez mais presente na criminalidade, especialmente no tráfico de drogas. A poluição do crime organizado, fazendo cidadãos de reféns em suas próprias residências. A escuridão da irresponsabilidade, colocando vidas em perigo, fazendo com que prédios corram risco iminente de desabamento. A conflituosa opção da greve, trazendo um pretume nas relações comerciais e contaminando a vida da população – ainda que compostas por justas reivindicações.

Não bastasse essa escuridão (parte mínima do 'todo' escuro), até o majestoso Rio Capibaribe, já tão enegrecido pelo lixo e dejetos da ‘cidade maurícia’, foi ‘invadido’ por dois jacarés - talvez atraídos por tamanha atividade sombria -, que se embrenharam por dentro de uma área de mangue – algo inusitado em dias tão turvos.

Continuo tentando enxergar. Olho para cima e sinto a força do sol, que voltou a brilhar. E só me resta lamentar que seus fúlgidos raios estejam inibidos pela turva nuvem do hoje. Com os olhos ainda embaçados, permaneço tentando reencontrar a visão...

domingo, 20 de setembro de 2009

Desilusão é Bênção: Alguém Duvida?

"Agradeça quando se sentir desiludido, pois isso significará que você um dia viveu numa grande ilusão". (Mestra Rowena)


A frase da grande mestra Rowena revela algo simples. Traduz uma obviedade ignorada pela humanidade. Impele-nos, pelas vias mais elementares, a compreender a 'realidade' da vida: ilusão.

Sim. A vida é uma grande ilusão. Período passageiro. Oportunidade ímpar de estar num planeta como a belíssima Terra. De exercer uma experiência material. De compreender na prática a oportunidade de ser carne enquanto se é divindade - e de descobrir o ponto de equilíbrio. De absorver de uma vez por todas que a matéria é perecível, mas que a vida superior é perene.

Ontem abri o jornal e só encontrei ilusão: a mulher que foi detida numa penitenciária levando maconha escondida na vagina; o homem assassinado por motivo banal; o enterro de uma criança morta atropelada por um motorista embriagado; a famosa topando posar nua por um punhado de dinheiro... Quanta ilusão...

Acho que por isso mesmo, hoje acordei com a sensação de desilusão me consumindo. Desilusão por não partilhar dos mesmos 'desejos' da grande maioria - e, também, por ainda partilhar de alguns deles; por acreditar que posso ser muito mais do que sou, quando muitos não acreditam; por saber que percorri longas e árduas estradas - e continuo seguindo -, quando outros sequer conseguem enxergar isso. De ver as pessoas mergulhadas numa triste ilusão coletiva, cegos por esse enganoso véu.

Desilusão, sim, mas com um tom adocicado. Que me consola justamente por me revelar que um dia estive iludido - e que o que me incomoda também é ilusório. Que me aponta um desejo interior de ser hoje melhor do que ontem e me faz compreender minhas próprias limitações. Enfim, que me afirma silenciosamente que a humanidade um dia acordará - e eu também.

Vou passar o dia curtindo isso. À noite, contudo, quero me deitar, fechar os olhos e abrir a janela da alma. Quero amanhã acordar renovado, respirando o ilusório ar terreno, ciente de que dele não dependo para viver a verdadeira vida. Vou querer enxergar a tudo com olhos divinos e buscar a compreensão de que é possível viver sem essa ilusão material que me rodeia. E quero, definitivamente, acreditar que sou um projeto superior, cujo êxito só depende mesmo de mim.

Desilusão é bênção. Alguém duvida? Eu não...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Mitos Mundanos

(‘mito’ enquanto ‘lenda’; minhas interpretações pessoais do ‘entendimento coletivo’)

“A carne é fraca”.
Não. Não exatamente. É perecível. Símbolo da fragilidade humana. Desculpa maior para os equivocados hábitos dos seres terrenos. Matéria cujas veias da transitoriedade permeiam...
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“O amor é cego”.
Não (a paixão, sim - cega e burra). O amor é imortal. Símbolo da força divina que move cada ser. Motivo maior dos certeiros hábitos humanos. O imperecível que nos faz deuses...

“A justiça é cega”.
Também não. É implacável. A mundana, limitada. A divina, infalível, atemporal, paciente, incisiva. Motivo maior daquilo que chamamos de azar. Também, símbolo da força do desconhecido, que insistimos em denominar de sorte...

“Deus é fiel”.
Não é não. Nem uma figura humana em seu pomposo trono. É a força motriz do universo. O Todo. O Tudo. Aquilo que move toda essa engrenagem infinita. O que ainda é mistério para a nossa pobre raça humana...

“O diabo atenta”.
O demônio não existe! Criação humana para justificar suas próprias sombras. Símbolo do fracasso de uma raça que ainda rasteja rumo à longínqua perfeição...

“O inferno é aqui”.
Não. O inferno não é um lugar. É um estado de espírito. Condição infeliz em qualquer dimensão universal. É o mar de erros e imperfeições ainda não curados pela evolução...
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“O céu é o limite”.
Não é. O céu terreno é quase uma ilusão; o céu divino, o infinito. O céu dos artistas é símbolo. O das religiões, distorção daquilo que chamamos de paraíso. Enfim, céu é o abraço metafórico de Deus...
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“A vida é bela”.
SIM! É oportunidade. Hiato ilusório necessário. Campo para a experiência material de Deus. Fruto do que somos enquanto seres humanos. Bela, sim. Divinamente projetada para o sucesso – eis a exceção...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

A Indústria da Multa

ESPECIAL TRÂNSITO - PARTE 2


O trânsito brasileiro é um caos. Barulho, poluição, agitação, excesso de frota, desrespeito às normas vigentes, imprudência, má fé, má sinalização... Esses são apenas alguns dos seus ingredientes, que não por menos têm ‘inflacionado’ a intervenção do poder público na aplicação de multas.

Para tentar colocar ordem nessa balbúrdia, estão os agentes de trânsito. Em Recife, são em sua grande maioria guardas municipais. Com rendimentos na casa dos R$ 1.000,00 - somando-se os benefícios -, ocupam esquinas movimentadas com uma ânsia voraz em aplicar multas. Os mais ousados (e não são poucos), valem-se do ‘poder’ para cobrar propinas descaradamente.

Dizem que existem ‘metas’ a cumprir na aplicação de multas de trânsito – o que justificaria os excessos cometidos por estes. Também, que o ‘baixo’ salário (a ironia deve-se à média salarial nacional do trabalhador) aponta para a cobrança de ‘tocos’ pelos agentes – se isso se justificasse, meu Deus, estaríamos perdidos! A verdade é que, dentre essas divagações, vemos uma área delicada e repleta de problemas. De parte a parte.

Resumindo: de um lado, os ávidos agentes de trânsito. De outro, os mal educados motoristas (maioria). No meio termo, os poucos condutores fiéis seguidores da lei. E o resultado disso é a indústria da multa, outra distorção dentre as inúmeras existentes. Eis uma relação de difíceis parâmetros e em permanente interação, dia após dia nas ruas do país.

Pense num barulho!


(em breve, a terceira e última parte do ‘Especial Trânsito' – Quem é Normal?)

Leia também a parte 1: Os Donos da Rua

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Universo Virtual


Há pouco mais de um ano decidi lançar o meu blog. Denominei-o “De2em2...”, pensando na sugestão do termo e nas possíveis faltas de tempo em atualizá-lo. A idéia central era (e continua sendo) difundir minhas idéias, fomentando a minha condição de escritor, que cada vez mais vem se materializando, e promover interação com amigos e leitores em geral.

Eis que esse mergulho no mundo virtual tem se consolidado. Cada vez mais pessoas têm lido o blog e uma ‘rede’ tem se formado. Algo muito saudável, especialmente pela semeadura de conceitos morais relacionados ao cotidiano humano.

No último final de semana, recebi de Robson Fernando, do Blog Consciência Efervescente (http://conscienciaefervescente.blogspot.com), dois selos de ‘amizades virtuais’ que chegam para consolidar tudo isso. Eles estão exibidos na área direita da página. Vou passando pra frente, indicando outros blogs para receber tal honraria. E os interessados podem acessar esses blogs abaixo, conferindo seus conteúdos variados:

Bruno Tavares: expositor que aborda assuntos diversos à luz da doutrina Espírita, sem pieguismo: http://bruno-tavares.zip.net

Blog do Moreira: jornalista que trata de assuntos diversos (especialmente música) com seu viéis um tanto ácido: http://iurimoreira.blogspot.com/

Liane Azevedo: esotérica que, quando tem tempo, dedica-se a assuntos ligados a esse ramo de conhecimento: http://www.lianeazevedo.zip.net

Amigos para Sempre: Roberta Tavares atualiza o blog do grupo de ciclismo APS, sempre focando em assuntos correlatos: http://aps-amigosparasempre.blogspot.com


Meus agradecimentos a Robson e a todos os amigos e leitores... Vamos em frente!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A Regra Que Virou Exceção

“A honestidade é como a chita, há de todo preço, até a de meia pataca”. (Machado de Assis)


Antes se tratasse da Língua Portuguesa. Antes fossem apenas normas gramaticais – ou físicas, ou químicas, ou matemáticas. Mas, não. Infelizmente a questão é mais em baixo. É moral. E a exceção à regra é ser honesto.

O bom sujeito, outrora exemplo, era meta a ser perseguida, conjunto personificado de valores nobres cuja honestidade vinha em primeiro plano; agora é referência máxima de mediocridade, sinônimo de idiotia, desvalorização. Uma inversão de contexto bastante ‘apropriada’ para os tempos ‘modernos’.

Exemplo mais comum é encontrar algo de valor em locais públicos. Vez por outra essas atitudes isoladas ganham destaque na mídia, comprovando essa escassez de honestidade como valor social humano.

Caso recente aconteceu em São José do Rio Preto (SP), quando um trabalhador encontrou uma mala com cerca de 17 mil reais e, mesmo pagando uma casa cujas prestações poderiam ser quitadas com 16 mil, entregou o montante à Polícia. “Preciso de dinheiro, mas não o dos outros. Eu trabalho e vivo com o que ganho”, afirmou o homem que, reconhecido como exemplo pela mídia em geral, foi criticado por muita gente. Idiota? Homem de bem? Será que tais adjetivos são congruentes? De maneira alguma.

Não furtar, ser fiel a(o) companheira(o), dar a preferência a outro veículo no trânsito, ceder o lugar para uma pessoa idosa, respeitar a vida (humana, animal, vegetal, mineral)... Tudo isso, atualmente, é exceção. A regra agora é levar vantagem em tudo, como se isso fosse o mais importante na vida. E não é.
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Enquanto cada indivíduo não se enxergar no outro e não compreender a máxima da fraternidade, continuaremos nesse viés distorcido, vendo as boas regras tornarem-se exceção. Uma lástima.